Nunca se ouviu tanto falar em solidão e recolhimento – pretensamente com o subtítulo de prática para o crescimento espiritual. Evidente que a evolução deve ser buscada e oferece elevação para o espírito daquele que a busca. Essa procura é mesmo solitária, e a isto chamamos solitude. Trata-se de outra coisa, para a qual te convido a acompanhar-me nesta reflexão.
Eu estava parada num cruzamento movimentado do centro da cidade, esperando abrir o farol. Não pude me furtar a observar o ritmo frenético das pessoas que passavam, e mais do que passos apressados, observei-lhes as faces, os ombros, a postura do corpo projetado pra frente, como escudo a um obstáculo invisível. Os motoristas compondo uma dança de avança_sinal_atropela_transeuntes, numa pressa justificada pelo relógio que marca sempre a hora acelerada de dias intermináveis. Sondei o incômodo que senti diante dessa coisa grotesca que chamamos hora do rush.
Que resistência é essa que tornamos clara no corpo?
Que peso é esse que sobrecarrega nossos ombros?
Que tensão é essa que se dobra nas rugas dos rostos jovens, nas marcas claras de um disfarçado aborrecimento, da insatisfação?
Onde fica o que tanto buscamos?
E pra onde essa gente vai com tamanha sofreguidão?
Que vida caricata é essa que levamos? – me perguntei.
E passei a correlacionar esse aspecto com outro: não há precedentes de tanta exposição emocional nas redes sociais – nunca foi declarada a solidão das pessoas como agora, pedidos claros de afeição, de atenção. Misteriosamente, essas pessoas que desejam ser ouvidas, que sonham com uma atenção especial, cada vez mais se refugiam na virtualidade das relações. Será que ali encontram um conforto que acomoda as sensações de abandono, de exclusão, de não pertencimento? Talvez possam ser o que são, ou não precisem dar tantas explicações, recebam melhor aceitação, menos críticas, mais...o que?
Essa modalidade pretere as relações em que nos permite conversar com os olhos nos olhos de nosso interlocutor, onde um abraço toca o corpo e a alma, quando é possível secar o pranto de um amigo, consolar uma dor com o afago de mãos carinhosas. Estar diante de pessoas é mais do que colocar nossos ouvidos à disposição, é estar em prontidão para uma troca afetiva que envolve a presença, em que um olhar confirma um mínimo gesto em direção ao outro, quando o beijo pode ser cúmplice daquele amor, quando a atenção e o carinho podem fazer a diferença. Onde foi parar esta nossa preferência de conviver em sociedade? Como o partilhar de nossas existências pôde ser reduzido ao clique de um botão?
Também isto apareceu nesta conjuntura reflexiva. Em uma casa de chá assisti a uma cena triste: um casal jovem, ela grávida. Ao que parece, foram buscar uma encomenda, e, enquanto aguardavam, tomaram um café. Ela se dirigiu ao balcão, depois à mesa, e ele sempre ao seu lado...manuseando sofregamente seu iPed. Ela falava e ele respondia sem olhar. Ela escolheu o salgado para os dois enquanto ele se contentava com a tela à sua frente. - Em que ambiente essa criança vai viver? – pensei. Bem, terá sua mãe, então com sorte não precisaria sair da maternidade com um eletroeletrônico para si, junto das fraldas...
Mas não precisei sair às ruas para ver o absurdo em que caímos. Em um almoço familiar as crianças e jovens participam com as cabeças baixas, dedos ágeis nos seus joguinhos de ultima geração. Assustam-me as conversas que não terei com meus netos, caso façamos de seus mundos essa alienação repleta de um vazio ensurdecedor...
Você acha que é só esta a questão?
Outro aspecto merece que prestemos urgente atenção. Quer ver?
Se observarmos mais profundamente, quem é que para pra ouvir aquele conhecido e automatizado: - oi, tudo bem? - quando cruza com alguém? Até mesmo ao encontrarmos com alguém, para o mesmo cumprimento, a resposta sequer acompanha o olhar, que já está perdido lá na frente da próxima obrigação. Experimentei surpreender na resposta, e precisei conter o riso ante o menear rápido de uma cabeça e lábios entreabertos de surpresa diante de meu “não, não estou bem.”
Isso mostra a hipnose coletiva que vivemos? Por isso as queixas são parecidas, então...
Ouvimos falar da privacidade e da individualidade – direitos legítimos que defendo como essenciais à nossa formação. Mas...quando foi que nos tornamos individualistas e perdemos o interesse pelas pessoas que nos cercam? – as mesmas que acusamos de abandono, que, retribuindo na mesma moeda, contribuímos para afastar mais e mais, segregando-nos e ao outro, como ilhas a namorar o mar que as rodeia.
Substituímos por valores mais fortes e consistentes aqueles que cresceram enraizados nas nossas entranhas? O que foi feito das reuniões familiares que rendiam aos domingos os melhores momentos ao reunirem as pessoas que planejavam antecipadamente o cardápio, escolhiam músicas, doces, e contavam longas histórias numa roda de intermináveis conversas cheias de risadas e crianças andando de bicicleta e correndo à volta? Elas eram barulhentas, mas enchiam de vida a vida dos adultos que, por sua vez, as levavam ao parque enquanto conversavam com outros pais, tomavam decisões importantes em conversas que eram retomadas – hoje as coisas são decididas pra ontem, ponderadas rapidamente, espremidas nos carros enquanto seguem para seus trabalhos, muitas vezes absortos no trânsito, ou, como eu que, ali em companhia de minhas músicas preferidas, mergulhada no trânsito caótico de uma cidade inchada de carros, divagava com o olhar perdido em algum lugar dentro de mim mesma...
Muito pessimismo meu, você está achando? Em qual parte deste texto você já se enxergou? Em qual ponto da leitura tua inquietação começou? Qual sentimento minha reflexão despertou aí dentro de você?
Ah, tua indignação é porque você faz parte daqueles que se enquadram na descrição dos almoços em família? Você [ainda] se reúne com os avós, os tios, jogam cartas, discutem política, mostram os artesanatos que fizeram, trocam receitas, discutem as novelas e seus excessos, fazem passeios, cantam, dançam e viajam juntos. Você também foi ao parque neste fim de semana!!! Sim, existe tudo isso e é maravilhoso, e não estou aqui dizendo que somos a minoria. Ou somos?
Talvez esteja estranhando, se perguntando onde está aquela mulher que demonstra tanto otimismo e fé na natureza humana. Claro que não pintei um retrato sem solução ou sem alma, menos ainda estou fazendo apologia à solidão humana – mas, justamente por preocupar-me com o ser humano, ser aquela que crê na felicidade e defensora de suas infinitas possibilidades de realização, penso que se a gente não tomar cuidado, não prestar atenção - não despertar - poderá entrar nessa barganha infeliz de trocar a vida pela plastificação dos sentimentos, pela destonalização das emoções, e não há remédio que combata esse mal, não conheço efeito mais triste, devasta_dor, do que aquele que consiga afetar nossa alegria de viver. Você conhece?
34 comentários:
"A solidão é o preço que temos de pagar por termos nascido neste período moderno, tão cheio de liberdade, de independência e do nosso próprio egoísmo."
Excelente texto.
Beijo meu.
Houve tempo em que algum tempo era destinado a nós e nosso próximo. Mas o pragmatismo capitalista - tempo é dinheiro - roubou-nos esses minutos, e até as horas que dedicávamos à família, em nome de uma falsa promessa de sucesso e felicidade que exige em troca cada segundo de nossas vidas. E é difícil não se deixar fisgar, tantas são as iscas tentadoras que se apresentam - tal como a sombra na sugestiva imagem que ilustra seu profundo texto.
Beijos, Denise.
Denise,
Eu gostei muito das questões desenvolvidas nesse texto. Assuntos da maior importância que você descreveu com clareza e veracidade. Acabou mesmo as visitas na casa da tia, da avó, acabou as reuniões familiares, um tempo que infelizmente não volta mais.
Eu me enxerguei em algumas partes desse texto, confesso, rsss
Seu texto é excelente, parabéns. Uma ótima noite, um abraço com o carinho de sempre.
À medida em que eu ia me aprofundando no texto, ia me afundando um tanto na cadeira, constrangidinha com as verdades contidas aí. Não, eu não rejeito a minha vida virtual, eu gosto. Mas... E a vida de verdade? O suor, o choro, abraço e tudo mais inerente a ela? Por que fizemos isso tão depressa?
Ainda bem que domingo é logo ali e eu vou poder dar muita risada por nada, como adoro fazer quando tem gente que amo por perto. Lembrarei desse texto no almoço, certamente.
Beijo, Denise!
Pois é Manuel, o tempo moderno é criação do homem, e as conseqüências a cada dia se mostram mais desastrosas, quando usamos das boas invenções dessa maneira desordenada, com pouco critério, deixando-nos engolir cada dia um pouquinho mais, seduzidos por relações que parecem menos conflituosas. Encontramos muita coisa boa nessa tecnologia, o avanço que permite ganharmos tempo, por exemplo...em contra partida, desse tempo que nos sobra mais, usamos cada vez menos para conviver com as pessoas. Isso me assusta, assim como vejo desde a infância nossos jovens ganharem controles remotos e botões que nem desconfio pra que servem, vejo mais famílias carecendo de con_viver mais...as telas luminosas que brilham nas casas, hj, concorrem com todas as brincadeiras de ontem...e por aí vai...
Obrigada por vir aqui deixar tua impressão.
bjos, querido!
Pois é Rodolfo, as iscas estão levando a melhor, mas antes que pareça que perdemos as esperanças e ficamos cegos diante da outra parcela que existe - e vive a família, os amigos, conservam tradições e mantêm os limites para não serem dragados por essas falsas promessas, o que nos mostra que é possível não sucumbir às tentações.
Vejo as diferenças da vida nas cidades menores, nos bairros da minha cidade, que preservam os costumes e se esforçam para passá-los às gerações seguintes, com sucesso!
As pessoas andam, sorriem umas para as outras, namoram de mãos dadas sentadas sob árvores da calçada, cultivam jardins, conhecem os vizinhos e os chamam para o batizado, o churrasco, os aniversários, dividem o chimarrão, assistem juntos o futebol, saem para uma noite gastronômica regada à boas risadas de uma turma de amigos...sabem quando alguém adoeceu e são solidários...
Tenho a convicção de que comportamentos podem mudar, e isso depende da gente ao menos tentar, de se conscientizar, de abrir mão de um conforto para ter a simplicidade de uma vida mais feliz...
Obrigada pela paciência de atender meu pedido, pela presença amiga que tanto bem me faz...sim, eu adoro esta virtualidade que me trás gente como tu!!!!
Beijo enorme!!
Ivana, cada um de nós compõe essa história...eu mesma comecei a moderar estes comentários sentada na sala, com minha filha ao lado...no note dela...rs...mas olha só, isso só aconteceu depois dela me mostrar as compras que fez, falar do curso que está fazendo, comentar coisas sobre o sobrinho...comermos juntas...eu a esperei assistindo A grande família (adoro, sabia?) ...quando ela precisou checar e-mails, se ocupar das questões de trabalho, peguei meu note tb, e prolongando a proximidade ficamos na mesma sala...é possível fazer ainda melhor, aliás, é necessário, quando se tem filhos pequenos, idosos por perto.
Quero aproveitar para esclarecer que estas palavras são apenas reflexões, mas que intencionam nos colocar pra pensar...existem diferentes opiniões, todas respeitadas, que se somam neste partilhar entre amigos, provando inclusive que esta interação é frutífera, prazerosa, proporciona incontáveis momentos de pura emoção, aprendizado, troca de afeto verdadeiro, afinal, são pessoas que como nós, dividem seu tempo para poder estar aqui...além disso, os meios virtuais trazem pra dentro da vida da gente pessoas que aprendemos a amar, amigos que passam a fazer parte de nossa história.
Eu sou feliz quando passo por aqui, quando os recebo e os visito. Que bom que vcs existem!!!!
Beijo enorme pra vc, minha amiga querida, que ainda vou abraçar!!!
Olha Mi...eu fui escrevendo e me vendo tb...rs
Talvez por teimosia, eu tb luto pra ter esse aconchego familiar que considero essencial - e embora me utilize da tecnologia mais do que recomendaria, não posso negar o bem que ela me faz. Quer o maior de todos os exemplos? Faço uso constante da internet para ver meu neto que mora longe...quando estou com a câmera aberta e ele fazendo arte e gracinha do outro lado, não vou mentir pra vc, esqueço que existe um mundo à minha volta...como tudo que existe tem o outro lado, este é o bom do qual não abro mão...
Como vc, moça querida minha. não a rejeito, sou adepta de algumas facilidades e curto esta blogosfera maravilhosa que me deu a oportunidade de conhecer pessoas fantásticas, abraçar e conviver além desta telinha. Capaz que vou desfazer do que me deu e dá tantas alegrias, que vou jogar fora meu celular, fechar meu facebook, deletar as pessoas que muitas vezes me fazem rir, chorar e sentir que a vida vale a pena ser vivida!!!
Como saberia das tuas Inquietudes, me diz????...rsrsrs
Beijo Grande, um lindo domingo, o meu tb será assim, cercada de gente que amo!!
Denise
A maioria das pessoas está assim, ou sai atropelando ou ignorando.
Olho no olho?
Tá mais pra dente por dente.
O mundo hoje é pura competitividade e assim a grande maioria olha para o outro como um inimigo a ser derrotado, assim como nos joguinhos das crianças. E hoje, é aí que tudo começa....joguinhos onde, se a criança não ganha, chora como se fosse uma desonra.
Eu acredito que tudo pode mudar se as pessoas assim permitirem.
Gosto do almoço de domingo onde a família se reúne, gosto de sair com o marido, filhos e agregados pra comer uma pizza ou mesmo quando o filho mais velho reúne alguns amigos, e eles fazem um almoço diferente, e há troca de lembranças do passado, de carinho e de respeito.
Sei que nada está perdido quando vejo essa galerinha aqui em casa, que o mundo ainda pode ser um lugar melhor.
Mas, é preciso estar muito atento, pois é muito fácil cair nessa armadilha do tempo é dinheiro.
Quanto à internet, humm..adoro, foi por conta dela que te encontrei e mais umas mocinhas queridas que tem morada garantidas em meu coração.
Beijinhos
Uau!!!
Sabe que já pensei demais nesse assunto? Principalmente em se tratando da relação avó/neta.
Eu tive (felizmente), uma relação tão mágica, maravilhosa e doce com a minha avó paterna (não cheguei a conhecer a materna), que eu fico me perguntando se vou conseguir sustentar uma relação assim com meus netos, com a vida de hoje, tão diferente, que chega a ser irreconhecível.
É esperar pra ver!...
E enquanto isso, só me resta fazer o possível e o impossível para minimizar o "prejuízo".
Beijão pra você, moça.
Fique bem, fique com Deus.
Cid@
Sintonia pura mais uma vez e sempre...Nesses dias esbocei um texto tentando dizer do meu assombro com tantas aberrações ocorridas na net e tratadas como "normal". E das minhas dificuldades nesse processo de evolução(?)tecnológica. Definitivamente prefiro me sentir uma BIOS e absolutamente fora dessas "iscas tentadoras". Claro que graças a elas pude Rê_encontrar amados, minimizar distâncias e saudades etc e tal. Mas, ando muiiiito resistente e reticente na minha maneira antiga de ser e estar nesse mundo! Ótimo texto Dê!!!
Beijuuss, lindona, n.a.
Denise (grande amiga)
Este teu olhar para a solidão da raça humana,é na verdade um despertar, um novo ciclo que emerge da alma(da sua alma), e transborda em sentimentos, e escâncara a própria verdade... e depois transforma em ternura...e nos brinda com tamanha mensagem.
um grande abraço...deste que te admira.
Alô, Denise!
Eu tenho ouvido ultimamente muitos desabafos de diversas pessoas, com relação a este assunto: substituição de relações reais por virtuais, falta de atenção com os presentes, em detrimento das conexões da informática, uma espécie de autismo nas crianças e até em adultos.
Parece uma nova síndrome de comportamento, sem dúvida oriunda das novas tecnologias de comuicações.
Isto afeta de forma diferente pessoas diferentes.
Acho que quem já tem bons relacionamentos reais não poderá achar melhor torna-los virtuais.
Mas, sei de pessoas que tinham dificuldades em contatos reais que se tornaram bem mais populares através da informática.
Nas redes sociais, não se destaca uma voz meio fanhosa ou com gagueira, ou alguns tiques nervosos, ou uma postura meio desajeitada. Assim, em alguns casos, podemos parecer melhores do que somos, se soubermos apenas nos expressar com palavras!
E só mostramos de nós o que queremos (ou pensamos faze-lo).
Talvez por isso, haja tanta facilidade em se envolver virtualmente. A gente pensa que pode manter as coisas sob controle.
Mas, foi muito interessante a sua abordagem, e eu até falei demais!
Sorry!
Abraços!
Sensacional o seu post Dê! Realmente tá demais mesmo... ;)
Beijo, beijo!
She
Poxa,Denise este texto é espelho, desveste,expoe as visceras,incomoda e sacode.Perdemos amiga um elo desta corrente que aberta deixa entrar todos estes sentimentos de perda de paz e felicidade.Este texto é para ser divulgado/para uma profunda arrumação de comportamentos.
Um lindo domingo amiga.
Meu carinhoso abraço de paz.
Bju.
Olá Denise, querida amiga!
"Estar diante de pessoas é mais do que colocar nossos ouvidos à disposição, é estar em prontidão para uma troca afetiva que envolve a presença, em que um olhar confirma um mínimo gesto em direção ao outro..."
»»»»» Kandandos, eu sou de kandandos, de pegar na mão e de festejar o convívio e a partilha de olhos nos olhos. Expressões... que ditam o que vai na alma.
Todo o texto que já li demoradamente por várias vindas a este cantinho de aconchego, me tocou profundamente e como não pode deixar de ser, me deixou a reflectir.
Claro que estas janela virtual, permite que estejamos "perto" de quem queremos bem, da forma possível.
Criam-se laços e afecto que são indescritíveis, e por vezes também a agonia de se querer dar aos abraços e não se poder.
Estamos vivendo como podemos e alguns tudo fazendo para estreitar as ligações, casos felizes de quem consegue passar do virtual ao contacto pessoal. Nalguns desses casos e depois de as pessoas se conhecerem, a distância volta a fazer a ponte no éter e fica um vazio enorme por não poder encurtar o espaço que daria lugar a novos abraços. Paixão, amor, amizade... sentimentos que pendem e teimam graças a Deus em ficar tatuados na alma da gente.
Mas do paradoxo de que escreves, me veio à lembrança um poema (que detenho como manuscrito original) que meu pai em 1978 dedicou homenageando o grande mestre Cruzeiro Seixas:
Escrevemos ruas, fazendo espaços
Entre paredes verticais
A largura dum bocejo
Labirintos sem tradução viável.
Lançamos rotas perpendiculares
Nas fronteiras dos rios
Contrariando orgulhosamente
O caminho natural.
Pássaros de metal e força
Rebentam os fusos horários
Arquivando estrelas
Autopsiamos átomos.
A voz e a imagem projectam-se
A trezentos mil quilómetros por segundo...
No mesmo patamar, na casa ao lado
O filho do vizinho morreu
Vai para três meses
E só agora dei por isso!
O humano (generalizando) vive olhando seu próprio umbigo.
Vim, batendo asas e receber um beijo, deixar outro e desejando que meu kandando faça a ponte entre as margens deste maravilhoso Atlântico que nos une.
Um feliz domingo para ti e para os teus
Oi Denise...
Penso que o mundo todo esta sem energia sabe.
Esta energia na minha concep~ção vem da espirituaiade, do contato com o Divino, com Deus.
Estamos vivend9 numa era muito conturbada.
Precisamos urgentemente aprender a viver..
Viver de um jeito mais leve..sem tantas neuras...
Penso que esta energia negativa que acaba nos abalando esta no ar ..sabe..
Cabe a nós nos fportalecer-mos praticando o bem, ir ao encontro ao nosso eu e sobreviver a este momento doido que toda a humanidade esta passando!!
Um beijo...
Olá Denise. Concordo inteiramente com seu texto e percebo isso também. As novas tecnologias, cada vez mais avançadas, estão sendo preparadas para dar ao homem um isolamento das demais pessoas. Todos estão absolutamente sós com suas máquinas. Como o homem é um ser social, em excelência, a relação virtual passou a fazer parte de sua vida. Não sei onde tudo isso vai parar. Gosto de ouvir a voz do outro, de dar um gostoso abraço, de sentir o calor, a proximidade... Isso não tem preço. Beijos e ótima semana.
Essa era traz este quadro que nos pinta com muito realismo e, penso que, eu tenho os vestígios do MEU TEMPO, no qual priorizamos o ser humano, contatos, afetos,m as infelizmente, a nova geração está na enxurrada tecnológica e vão se construindo ilhas. C0oncordo em gênero e grau com está sua frase " é estar em prontidão para uma troca afetiva que envolve a presença, em que um olhar confirma um mínimo gesto em direção ao outro, quando o beijo pode ser cúmplice daquele amor, quando a atenção e o carinho podem fazer a diferença." .
SER HUMANO, antes de tudo.
bjs.
Concordo com vc Zizi, e acho que depende, sempre, da gente, o rumo que iremos dar às nossas vidas - a grande vantagem é poder escolher de novo, fazer diferente, mudar de verdade. Todos podemos!
A educação tem princípios que estão sendo transferidos às escolas - cada vez mais os papéis trocam de mãos, e isso se mostra no que assistimos hj...essa armadilha do ter está roubando os espaços sagrados do ser...
Eu tb não sou contrária ao que é bom, e a parte boa da internet é esta interação, esta forma moderna do telégrafo...rs.
Beijo, querida.
Boa semana!
Eu acho Cida, que não reproduzo minha experiência como neta, sendo avó...sou imensamente mais afetiva, mas os valores que aprendi foi com minha avó paterna, que cuidou de mim na fase em que a criança estrutura a personalidade, e ela me deu fortes lições que mantive como mãe - e agora, como avó, procuro por em prática, pq tb de nada adianta aprender e fazer disso apenas discurso, né amiga....
Eu acredito plenamente que o amor vence, e por ele vale lutar por um mundo melhor - pra nós e nossos pequenos...
Bjos, de avó pra avó!
Pois é Rê, te lendo me ocorreu o ditado de que tudo que é demais, nunca é bom...e eu acho que esta foi a minha tônica quando compartilhei meus sentimentos aqui...não sou contra nada, só me assustam os excessos que vejo cada vez mais disseminados, distanciando as famílias dentro do mesmo espaço físico...a nosso serviço está a tecnologia, fazer dele um benefício depende do uso que fazemos.
Mas o foco de minhas reflexões está no perigo das substituições...sabemos como pode ser um mal irreversível substituir a vida que carrega em si mesma as inúmeras forma sde conviver, compartilhar, importando-se com o outro, fazendo de um toque um bálsamo, de um sorriso, uma luz....não podemos preterir nossas relações, não devemos causar-nos esse prejuízo...o que não significa que a relação virtual só tem aspectos negativos...de jeito nenhum!!! O segredo está, de novo, no [bom] uso que fazemos delas. Todos somos capazes de aprender, sempre é tempo...
Um beijo enorme, amadinha...sei bem das tuas pré_ocupações sobre isso, somos parecidas nisso tb!
Oi Ari, meu amigo querido, sensível ao tema pq tem a percepção e quem faz bom uso da tecnologia - ela encurta distâncias, sim, e serve de canal de comunicação, é inegável seu valor... mas, nada substitui o som do riso e a proximidade das pessoas...nada se eqüivale a um abraço na hora mais triste da nossa dor ou na alegria mais genuína que possamos compartilhar...o olho no olho...os pequenos gestos de amizade, de cuidado, as carícias, o silêncio partilhado, as pequenas surpresas quando menos esperamos, um bilhetinho encontrado na gaveta, uma flor, um abraço inesperado...isso não tem preço, e seu valor está sendo esquecido....isso me assusta!
Um abraço, meu amigo querido, uma semana maravilhosa pra vc!
Leonel, muito interessante tuas observações sobre os comportamentos.
É fato que esta nova interação "afeta de forma diferente pessoas diferentes", e tb é verddae que para aqueles que têm dificuldade em relacionar-se, encontram nas diversas formas da atual tecnologia, meios que permitam extraviasar seus sentimentos, liberar seus pensamentos, o que comprova que nada é de todo ruim, depende, sempre, da forma como são utilizados esses meios.
Entretanto, o que mais eu desejei destacar foi o casuísmo com que temos tratado nossas vidas, e isto inclui quem não faz uso das redes sociais, de pessoas que não se relacionam de nenhum jeito, ou se relacionam precariamente; portanto, o foco não é o malefício da tecnologia - a tecnologia existe para facilitar-nos, a questão é: onde está a linha que limita o saudável....
Obrigada pela tua colaboração meu amigo, cada um que trás suas impressões colabora para a construção do melhor entendimento de todos nós.
Um grande abraço!!
Oi She, eu acho legal compartilhar, sempre tem quem pense e sinta como a gente, né?
Um beijo, querida!
Sabe Toninho, quando incomoda, é pq pegou em algum ponto da gente, e isso é imprescindível pra gente considerar mudanças, pra voltar um novo olhar, pra propiciar que a gente reflita...escrever tb é uma maneira de sublimar o que a gente sente...isso tem me incomodado bastante...vejo na clínica e ao meu redor os estragos...por isso sinto que é urgente fazermos mudanças na maneira de ver a vida...só assim poderemos vivê-la diferente...
Um grande abraço, ótima semana!
Vivemos como podemos...grande verdade Guma! Cada um sabe de si, não é mesmo??
O poema d seu pai - lindíssimo - fala desse labirinto a que me refiro, aos limites, às fronteiras que fechamos àqueles que convivemos, em prejuízo próprio, o que é mais incompreensível ainda!!
Generalizando, o que sinto é medo pela geração de hj...
E concordo com vc, esta janelinha é uma das coisas boas da vida - de hj.
Um grande abraço, para levar junto com seu beijo!!
Ma, teu pensamento tb é o meu - a conexão com nossa essência Divina é fundamental, e ela nos tira da superficialidade, nos força a olhar para o melhor que as pessoas têm, nos mostra o nosso melhor....e a energia amorosa salva o mundo...falta gentileza, falta afeto, falta atenção....mas acho que estamos energeticamente ligados, o que precisamos é qualificar estas energias....o cansaço que sinto e observo talvez seja pelo desencontro dessa energia...como se andássemos contra o fluxo...isso exaure a gente, né?
O mundo depende das pequenas construções que fazemos no dia-a-dia...e das descontruções tb!!!
Beijo Ma, com muuuuita energia pra ti!!
Maria José, imagino que vc esteja em contato com tudo isso como profissional...a solidão coletiva, o isolamento social...uma tristeza infinita, a insatisfação generalizada que provoca nas pessoas.
Como vc, prefiro estar com o outro, sempre!!
Um grande beijo!
Pois é Norma, no meu tempo havia tempo para as relações, e elas eram bem-vindas e essenciais...onde isso começou a mudar? Acho que nos questionarmos é uma forma de manter viva a necessidade de mudar tudo o que não está bom....que sejam sempre constantes as mudanças, já que esta é a única coisa permanente que temos, não é?
Um abraço forte!
Oi, Denise. Deixe-me acrescentar algo mais que me angustia além disso tudo que você pontuou com muita clareza e competência: a preferência que as pessoas estão manifestando pelos animais de estimação em detrimento das relações humanas. Adoro bichos, mas não substituo jamais o afeto humano por eles. E é o que mais tenho visto, com a desculpa da defesa dos animais.
No mais, falaria aqui o dia inteiro. rsrs. Em resumo, acho que estamos vivendo o que o Marx (quase) previu quando falou do fetiche da mercadoria: uma sociedade tão voltada para ela, que ela (a mercadoria) está sendo humanizada e os homens coisificados.
Adorei estar aqui. Um grande abraço. paz e bem.
Olá
Palavras para pensar...
Nunca tivemos
tanto da vida...
Nunca sentimos
tanta solidão em nós...
Que a alegria
faça folia
em teu coração.
Ai Cacá, era esta a citação que eu buscava e não houve meios de eu lembrar!! Obrigada por trazer o pensamento de Marx...com tristeza, talvez tenhamos que admitir que ele não foi longe demais...
Cada amigo que passa por aqui, abrilhanta esta reflexão que é nossa, complementando com argumentos importantes, como vc fez...eu compartilho desse teu sentimento, embora tb adore animais.
Eu que adorei ter vc aqui!
Um grande e carinhoso abraço!
Olá Aluísio, tuas palavras ecoam por aqui...
Estive em teus blogues, gosei de todos, mas me apaixonei por um...muito lindo!
Obrigada pela tua presença aqui, trazendo teus sentimentos, partilhando ideias - e desejando a delícia que eu só posso agradecer e dizer AMÉM!!!
Um abraço!
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