“Planto flores no caminho para que não me faltem as

borboletas. Foram elas que me ensinaram que o casulo

não é o fim. É o começo."

Day Anne



30 de dez. de 2007

Um dia de domingo





















Eu preciso te falar,
Te encontrar de qualquer jeito,

Pra sentar e conversar,
Depois andar de encontro ao vento,

Eu preciso respirar.
O mesmo ar que te rodeia,
E na pele quero ter,
O mesmo sol que te bronzeia,
Eu preciso de tocar.
E outra vez te ver sorrindo,
E voltar num sonho lindo,
Já não dá mais prá viver,
Um sentimento sem sentido,
Eu preciso descobrir.
A emoção de estar contigo,

Ver o sol amanhecer.
E ver a vida acontecer,
Como um dia de Domingo,

Faz de conta.
Que ainda é cedo,
Tudo vai ficar por conta da emoção,
Faz de conta,
Que ainda é cedo,
E deixa falar a voz do coração.

♥ Michael Sullivan e Paulo Massadas








20 de dez. de 2007

Por um ano bom!

A época das festas que se aproximam significa o renascer para a vida, ao mesmo tempo em que as reflexões se iniciam para mais um ano. É freqüente ver o movimento introspectivo que antecede a chegada de mais uma “virada”...e só esta expressão já parece implicar em mudanças pretendidas, como se cada um dos anos fosse uma página em branco onde cada um escreveu mais um capítulo de sua estória que, de uma outra forma, precisa de ajustes porque não ficou à contento, ainda.
Essa permanente busca por mudanças é característica do ser humano que reflete os desejos ainda não satisfeitos, o ideal não alcançado, os deveres não cumpridos, os direitos não exercidos, os sonhos adiados, os projetos esquecidos, as dificuldades não resolvidas. São tantas as variáveis que nos desviam das metas e roubam as conquistas desejadas, que vivemos a rearranjar as intenções.
Depositar esperança em mudar o que nos desagrada ou impede as realizações pretendidas, é uma forma de fé, de acreditar em algo novo. Tal qual a primavera reaviva as cores, nossos sonhos nos mantêm presos à vida. Assim como o verão trás o sol e as temperaturas se elevam, aumentamos nossa capacidade criadora de investir naquilo que precisamos conquistar ou concluir.
Elaboramos uma lista de intenções para o ano que virá, muitas vezes sem considerar as pedras possíveis no caminho, atentos tão somente no desejo, podendo estar fadados a frustrações inevitáveis. Com o transcorrer da vida, vai ficando mais claro que tudo depende de “como” fazer acontecer, tendo a consciência de que impedimentos ou dificuldades existem entre o ponto de partida e o da chegada. E que existem fatores sob os quais não detemos o controle.
O ano terá sido bom se, medindo as propostas iniciais e os resultados obtidos, o saldo for positivo. Talvez devêssemos incluir nos ganhos o crescimento que tivemos nas dificuldades, a forma “como” encaramos as adversidades, visto que esse aprendizado nos faz mais preparados e fortalecidos para, nas novas tentativas, obter melhores chances de êxito nos intentos.
Refletir acerca das conquistas da página escrita em 2007 implica em ver, também, as desistências e renúncias voluntárias, o adiamento saudável, a ponderação, as novas escolhas feitas no percurso, os impedimentos que independeram da nossa vontade.
Deparar-nos só com o negativo tira o brilho de tudo aquilo que foi bom. Essa tendência impede que demos valor às lutas árduas, fixando o olhar apenas no resultado contrário.
O importante não é o caminho, mas o caminhar, o “como” conduzir os passos.

Partindo, portanto, dessa premissa, que tenhamos sucesso em nossos futuros desejos ao ver os fogos de artifício inaugurando o céu de um novo ano!

♥ Denise

17 de dez. de 2007

Crescimento

É comum ouvirmos que crescemos na dor. Algumas vezes eu mesma afirmei isso, considerando que nos momentos mais difíceis mergulhamos mais para dentro de nosso "eu", e esse conhecimento mais consciente nos faz ver e sentir tudo que precisamos conhecer melhor acerca de nós mesmos.
Mas também pelas mãos do amor crescemos. Amar é um verbo que convive com tantos outros, em estreita relação, e todos convergem para um crescimento rico e prazeroso. E amar em todos os sentidos e direções, envolvendo parceiros, filhos, familiares, amigos e ao próximo.
Quando amamos, respeitamos, admiramos, cuidamos, compartilhamos, acarinhamos.
Respeitar é o ato magnânimo que precede as boas relações, pois implica em aceitação do outro e suas diferenças, além das atitudes que aprovamos.
Admirar é o resultado da percepção e da observação das virtudes e ações praticas pelo outro, que despertam um contemplativo e franco desejo de conviver e aprender.
Cuidar daqueles que amamos significa reunir apego, generosidade, afeto, desprendimento, preocupação e dedicada vigilância.
Compartilhar é ceder espaço, é dar e receber, ouvir e expressar, dividir e somar, desculpar e reconhecer, é trocar experiências, compreender e considerar e reconsiderar. Compartilhar é participar ativamente da vida do outro, acolhendo-o totalmente na sua.
Acarinhamos com gestos, ações, palavras e sentimentos.
E todas essas formas de amar nos propiciam crescer, aprendendo com nossos pares, pois somos na essência, seres em relação.
E atentar para todos esses fatores nos faz perceber com clareza que crescemos tanto pela dor, como provavelmente, ainda mais pelo exercício do amor.
Concluo, portanto, que crescer é um verbo conseqüente de...viver!

♥ Denise

16 de dez. de 2007

2008


Em quinze dias 2007 se despede...deixando as marcas boas e as nem tão boas, mas encerrando mais um ciclo do tempo que contamos em anos.
A proximidade do Ano Novo, particularmente o número, me chama a atenção pela somatória de seus números...e é exatamente assim que o vejo chegar e o desejo viver: um ano 10!

Que 2008 nos sorria e reserve boas surpresas e toda sorte de realizações possíveis, permitindo as conquistas almejadas e os desejos satisfeitos!
Que tudo o que foi vivido até aqui sirva de suporte forte para os dias futuros, mantendo a mesma força perseverante e a disposição inabalável!

Seja muito bem vindo, Ano Novo, Ano 10!

♥ Denise

15 de dez. de 2007

Idosos ou velhos?


Depoimento de um idoso de oitenta anos:

Idosa é uma pessoa que tem muita idade.
Velha é a pessoa que perdeu a jovialidade.
Você é idoso quando sonha.
É velho quando apenas dorme.
Você é idoso quando ainda aprende.
É velho quando já nem ensina.
Você é idoso quando pratica esportes, ou de alguma outra forma se exercita.
É velho quando apenas descansa.
Você é idoso quando seu calendário tem amanhãs.
É velho quando seu calendário só tem ontens.
O idoso é aquela pessoa que tem tido a felicidade de viver uma longa vida produtiva, de ter adquirido uma grande experiência.
Ele é uma ponte entre o passado e o presente, como o jovem é uma ponte entre o presente e o futuro. E é no presente que os dois se encontram.
Velho é aquele que tem carregado o peso dos anos, que em vez de transmitir experiência às gerações vindouras, transmite pessimismo e desilusão.
Para ele, não existe ponte entre o passado e o presente, existe um fosso que o separa do presente pelo apego ao passado.
O idoso se renova a cada dia que começa; o velho se acaba a cada noite que termina.
O idoso tem seus olhos postos no horizonte de onde o sol desponta e a esperança se ilumina.
O velho tem sua miopia voltada para os tempos que passaram.
O idoso tem planos.
O velho tem saudades.
O idoso curte o que resta da vida.
O velho sofre o que o aproxima da morte.
O idoso se moderniza, dialoga com a juventude, procura compreender os novos tempos.
O velho se emperra no seu tempo, se fecha em sua ostra e recusa a modernidade.
O idoso leva uma vida ativa, plena de projetos e de esperanças.
Para ele o tempo passa rápido, mas a velhice nunca chega.
O velho cochila no vazio de sua vida e suas horas se arrastam destituídas de sentido.
As rugas do idoso são bonitas porque foram marcadas pelo sorriso.
As rugas do velho são feias porque foram vincadas pela amargura.

♥ Não consta autoria

14 de dez. de 2007

Intuindo


Há, neste dia, uma magia a me rondar.
Há, em mim, esta forte intuição...
Há, bem guardado, em algum lugar.
Há! e a certeza, dita o meu coração...

♥ Denise

Permanente construção


Há uma certa urgência envolvendo o desejo, e é contraditória essa quietude que faz sossegar a sofreguidão dos anseios. É uma acomodação dos sentidos, refreando a ansiedade.
Nas andanças da memória da saudade, tudo vai sendo purificado quando alguns fragmentos coloridos sobrepõem as centelhas da negritude das vicissitudes vividas; matizando a vida, esta eterna aprendiz.
Tudo se acalma quando dispomos as imagens em desfile sob a retina avaliadora, preenchendo de luz qualquer desassossego. É cristalino o sentir, desvendando os mistérios de impressões embaçadas; por isso, abençoado todo processo que organiza as mutilações que o tempo imputa no fundo da inconsciência que nos protege, momentaneamente. Ela guarda o que, um dia, revelará os aprendizados necessários, se fazendo luz nas estranhezas perturbadoras. O incomodo se instala para que aflorem, permitindo equilibrar e ajustar as percepções agora com saudável distanciamento, salvando-nos da inquietação.
Todas as vivências trazem implícito um póstumo aprendizado. Tecemos ao longo da vida nossa história permeada de acontecimentos breves, visto que a permanência corresponde unicamente ao estar vivo, situação que por si só também é transitória. Por maior constância e solidez que se aplique no transcorrer da vida, a cada dia imprimimos algo novo no cumulativo processo de evolução. Somos seres em constante mutação, e aí reside nosso fascínio indecifrável. Estamos em permanente construção.

♥ Denise

13 de dez. de 2007



Há dias em que até o céu nos sorri!!


12 de dez. de 2007

Papai Noel

Minha alma de menina acredita no Papai Noel, essa mágica figura púrpura que não morre na memória de minha saudade juvenil.
Acredito não que ande pelos céus num trenó ou desça pela chaminé carregando um saco abarrotado de presentes, e sim, creio na sua imponente presença com o forte "Ho Ho Ho", que transforma os olhares dos pequenos em fagulhas de luz.
Sua figura doce povoa os sonhos infantis, suas Renas ganham vida, têm nomes; e os duendes trabalham, incansáveis, para suprir as listas de pedidos.
Essa "sensação" da magnitude que sua presença assume nos pequeninos, transferimos para nossos filhos e netos ao alimentar sua existência no imaginarium infantil; mesmo sabedores do "engodo" que, aos nossos olhos amorosos, é o meio de permitir que vivenciem as mesmas delícias que nossa infância conheceu.
E ao longo da vida, dificilmente a visão do "bom velhinho" não desperte nossa ternura, talvez porque reavive as sensações que permanecem em nós...por isso, concluo que acredito sim em Papai Noel, pois acredito que a magia de sua passagem em nossas vidas se perpetua nos nossos corações.

♥ Denise

Poema de Natal

SER

Ter a calma do abandono dos sonos,
cuidar do peito como quem planta trigo,
amenizar tremores e febres
como quem dá descanso ao filho.

Acolher sonhos, serenos e ventos,
tatear promessas como se fossem rezas,
cuidar que as palavras sejam boas iguais a frutos
como quem cuida de árvores nos quintais.

Acender fogo sabendo das refeições,
bendizer o dia como quem abençoa a vida,
agradecer por tudo em todos os instantes
como quem aflito recebe afago e ternura.

Caminhar sem ruídos pelos caminhos,
atentar às paisagens como quem espia a lua,
saber do sabor e dos perfumes os mais humildes
como quem edifica poemas e edifícios.

Amar na possibilidade de todo amor,
entregar-se a si como num esquecimento,
doar-se com a profundidade dos gestos
como quem sozinho celebra seu momento.

Cuidar para que o coração seja ameno,
resguardar a bondade como preciosidade e luz,
ter nas mãos fragilidades humanas e divinas
como quem ao fim de tudo se apresentasse a Jesus.

♥ Zeca Corrêa Leite

11 de dez. de 2007

Desapego


Pela ciência, apego é a relação estabelecida pela presença interativa com outra pessoa, desde a mais tenra infância, iniciando com a mãe. É o meio em que estamos inseridos que oferece a possibilidade de apegar-nos a alguém. Nessas relações vinculamos sentimentos, e estes sustentam as relações.
Quando a interação se dá com a mãe, o bebê desenvolve esse vínculo para garantir sua sobrevivência, pois depende de cuidados específicos para tal; lembrando que é uma base segura que resultará na saudável autonomia desse ser.
Se voltarmos o olhar para como se deram as formações vinculares desde a infância, compreenderemos na vida adulta como foi esse processo.
Se não houve porosidade, que se entende como conflitos que deixam marcas nesse momento da vida em que se dá a formação de vínculo materno, a pessoa estabelecerá ao logo da vida vinculações emocionalmente saudáveis. No entanto, se nessa fase há porosidade, na vida adulta esse sujeito tenderá a ter dificuldade em mergulhar na satisfação, vivendo as alegrias de forma superficial, o que gera eterna busca onde nada parece satisfazer plenamente.
Tais pressupostos levam a uma conclusão: a forma como, em bebê, se estabeleceram os vínculos, é fator preponderante e determinante nas nossas relações futuras.
Infelizmente, ocorre que o despreparo e a desinformação acerca do tema, não prepara as mães para o como desenvolver essa interação visando saudáveis relações futuras para aquele “serzinho” que ama tanto.
No geral, é esse amor que acaba delineando suas ações, por instinto.
Construir apegos é, portanto, vital. Mas, e quanto ao processo de desenvolvimento e evolução humana, que implica no desapego necessário para seguir ultrapassando as fases da vida, superando os ciclos vitais?
Desapegar-se é deixar ir, é renunciar, romper laços, compor novos vínculos.
Rubem Alves lembra:

-“Quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que, a qualquer momento, ele pode voar.”

Ter a consciência de que há finitude nas relações humanas é estar pronto para recomeçar a cada exigência da vida. Mesmo essa relação materna, tão visceralmente construída, tem seu término com o desprendimento da sua subordinação. É desapegar-se para crescer, para trilhar os caminhos sob o comando de seus desejos, numa trajetória que envolve coragem e novos vínculos.
O desapego transcende o medo, vai além do conformismo diante do temor das mudanças. Em outra instância, desapegar-se é sinônimo de coragem, revendo sonhos desfeitos, frustrações e impedimentos. É também dar permissão, a si e ao outro, de construir novas possibilidades.
É ainda e principalmente, um gesto de grandeza e de maturidade que permite perceber que não houve porosidade na construção de apego nas relações afetivas na infância, pois se desapegar saudavelmente é escolher viver sem escravizar ou submeter a si mesmo ou ao outro.
No romance “A Escrava Isaura”, Bernardo Guimarães foi brilhante ao escrever:O coração é livre; ninguém pode escravizá-lo, nem o próprio dono.”
Cabe lembrar, no entanto, que o enfoque de apego neste texto foi acerca das relações humanas no que se refere a sentimentos e laços afetivos; mas o apego também reflete os mecanismos individuais de preservar bens materiais, conceitos, empregos, valores, arquétipos.
Temos todos o dom de rever, reconstruir, reformular e resignificar paradigmas. Manter aquilo que precisa ser modificado para garantir uma vida mais feliz, leva a uma única questão: a que preço?

♥ Denise

O caráter

Para a Psicologia, caráter é o termo usado para assinalar o aspecto da personalidade de cada indivíduo, sendo o reflexo do conjunto da índole de cada um de nós, nossa natureza individual, nosso temperamento.
Tais características irão determinar nossas condutas, conjugadas com a sociedade em que estamos inseridos, os grupos sociais a que pertencemos.
Podemos concluir dizendo que o caráter se constitui da somatória dos nossos hábitos adquiridos, qualidades (boas e más), valores, nosso jeito de funcionar diante da vida.
O treinador de basquete, John Wooden, recomenda: Preocupe-se mais com o seu caráter do que com sua reputação, porque seu caráter é o que você realmente é, enquanto a reputação é apenas o que os outros pensam que você é." Ou seja, a formação do caráter dará a direção aos nossos atos, desde que nossas atitudes sejam ditadas por nós, e não pelo que as pessoas esperam de nós.
Nosso comportamento deveria ser o resultado de nossa essência, dos valores que constituímos ao longo da vida, mesmo que contrariem as expectativas de terceiros.
Tal pensamento me remete à Theodore Roosevelt, que declarou: Não me importo com o que os outros pensam a respeito do que faço, mas me importo muito com o que eu penso do que eu faço. Isso demonstra caráter.
Nossas crianças estão tendo muitos exemplos torpes de comportamentos, onde a dignidade está fortemente comprometida com negociações de sobrevivência dentro dessa sociedade tão corrompida, fazendo de suas existências um labirinto de caminhos equivocados.
Essa herança cultural tenderá a adulterar os valores dos nossos jovens, que aprendem por modelo, repetindo o que testemunham e formando sua visão de mundo.
O resgate de valores “antigos” é uma emergência para a qual não podemos fechar os olhos, calar a voz, fazer ouvidos moucos!
Se o mundo se transforma a cada dia, somos todos responsáveis, seus habitantes imperfeitos...que podem e devem reivindicar um futuro mais sólido para as gerações vindouras.
A grandeza dos homens está nos seus princípios, e o caráter se revela nas adversidades encontradas na vida, que o fortalece e aprimora ou deturpa.
Aprende aquele que se dispõe a rever sem pudor seus erros, corrigindo-os com humildade. Para ilustrar, há um provérbio dos índios norte-americanos que diz:
"Dentro de mim há dois cachorros: um deles é cruel e mau, o outro é muito bom. Os dois estão sempre brigando. O que ganha a briga é aquele que alimento mais freqüentemente."
O que podemos perceber, lamentavelmente, é que, nos nossos dias, os valores estão mudando assustadoramente; e o pior, as pessoas parecem se ajustar mais e mais às necessidades do “mundo cão” para terem a impressão de inserção e aceitação incondicional.
Isto nos torna uma sociedade sem leis morais e éticas, numa negação silenciosa e inconsciente dos valores constituídos. Ao refletir sobre essa questão, me ocorre indagar: para onde, afinal, caminha a humanidade?

♥ Denise

Provérbio




“O CORAÇÃO DOS OUTROS É TERRA QUE NINGUÉM PISA,
SOLO QUE NINGUÉM ANDA."

Silêncio na dor


Fim dos tempos dos fantasmas arrastarem suas correntes deixando eco no vazio d’alma. É chegada a hora de colorir a escuridão das noites, arejar os espaços vazios da existência, permitir a pulsação de vida que lateja gritando por alforria.
Faça-se luz nas trevas das frustrações acumuladas.
Achegue-se alegria! ...despojada de resquícios dos medos que rondaram as entranhas, corroendo paulatina e impiedosamente os recônditos dos sentimentos que foram serenos.
Salve abençoado sentimento que põe desperta, atenta, sedenta de teu brilho redentor!
Eis que pulsa, estonteante, retumbando no peito.
Finda o tormento incessante que açoitava o sentir, fazendo sucumbir em prantos, destituindo o riso de som e os olhos de luz!
No desvario das alucinações noturnas, inúmeras vezes clamaram por tua presença...quando, debatendo-se em dores insuspeitadas, o que via era o amargo da solidão que teimava em seqüestrar a fé em dias renovadores.
Há um canto suave e sutil espalhando seu som brejeiro por todo o ser, sacudindo mansa e carinhosamente todos os sentidos. Que se esparrame sem medo e altaneiro em socorro!
Preso um grito de surpresa na garganta, pronto para transformar-se num gargalhar límpido e rejuvenescedor!
Que libere a adrenalina, inquiete a vida fazendo vibrar cada músculo desprovido de emoção recente.
Está pronta. Fechou a porta. Abriu a alma!
Pede, em segredo e em oração, que os passos seguintes sejam seguros, firmes com cautela, porém, que conduzam à luz que cintila ao longe; permitindo encontrar razão verdadeira de vida. E que retumbem os tambores da alegria arranhada pela dor que ora agoniza.

O Poetinha tão bem disse, “que seja eterno enquanto dure, posto que é chama.” Pois, que se cumpra!

♥ Denise

Nós somos


Nós somos a soma de nossas partes, governadas ou desgovernadas.
Nós somos o resultado de nossas ações, boas e ruins.
Nós somos o equilíbrio entre o ser e o querer.
Nós somos o desalinho das emoções que nos atropelam.
Nós somos a criança que festeja a soltura das amarras.
Nós somos a lágrima retida que inunda de pesar nossa alma.
Nós somos a densidade de nossos sentimentos, manifestos ou não.
Nós somos o disfarce de nossas fraquezas inconfessáveis.
Nós somos a totalidade da desintegração de nossos sonhos.
Nós somos a perseverança que nos arrasta pelos caminhos incertos.
Nós somos o domínio de nossas fúrias contidas.
Nós somos a ternura que alimenta nossa criança interior.
Nós somos o sorriso que morre na lágrima que desliza.
Nós somos a dualidade da vida que nunca cessa.
Nós somos a ponte entre a paz e a loucura que nos ronda.
Nós somos a perigosa correspondência entre o bem e o mal.
Nós somos a sombra que gela nossa própria existência.
Nós somos o brilho que ofusca a tristeza teimosa.
Nós somos o soluço que perpassa o peito aflito e dorido.
Nós somos a música que rompe o silêncio angustiado.
Nós somos a perfeição de nossas metades incompletas.
Nós somos o tormento incessante das questões não resolvidas.
Nós somos a negação que oculta nossas culpas odiosas.
Nós somos o romper da aurora na escuridão das dores que mutilam.
Nós somos a voz que cala o grito preso na garganta.
Nós somos o mel e o fel de nossas experiências ganhas.
Nós somos o abraço que consola a dor sorrateira, encobrindo-a.
Nós somos a leveza dos passos que evitamos dar para prosseguir.
Nós somos o assombro que nos invade à visão do mal que assola o irmão.
Nós somos o berço das emoções mais profanas.
Nós somos a chaga que corrói os recônditos do espírito armado.
Nós somos o poema que conta nossa saga, dolorosamente.
Nós somos a clemência que perdoa, magnanimamente, nossos erros.
Nós somos o calor abrasivo de nossos amores, calmos ou tempestuosos.
Nós somos o alegre descompromisso das tardes de domingo.
Nós somos as linhas que tecem nossos agasalhos para a alma.
Nós somos os olhos que espreitam nossos temores.
Nós somos a rudeza das palavras ásperas que ferem.
Nós somos as mãos presas que não se movem na direção das soluções.
Nós somos a crueldade dos gestos calculados, manipuladores.
Nós somos a graça que fazemos de nossas gafes fortuitas.
Nós somos o reverso da medalha que ostentamos na vida.
Nós somos a tempestade que nossos conflitos gera.
Nós somos as garras cruéis que nos prende num passado infeliz.
Nós somos as algemas que nos impede de voar livremente.
Nós somos a eterna metamorfose que constrói nossa história.
Nós somos o produto de nossos pensamentos nefastos, escondidos no calabouço de nossa miséria interior.

♥ Denise- 2006

Desvenda-me


Não venha me falar de razão,
Não me cobre lógica,
Não me peça coerência,
Eu sou pura emoção.
Tenho razões e motivações próprias,
Sou movido por paixão,
Essa é minha religião e minha ciência.
Não meça meus sentimentos,
Nem tente compará-los a nada,
Deles sei eu,
Eu e meus fantasmas,
Eu e meus medos,
Eu e minha alma.
Sua incerteza me fere,
Mas não me mata.
Suas dúvidas me açoitam,
Mas não deixam cicatrizes.
Não me fale de nuvens,
Eu sou Sol e Lua,
Não conte as poças,
Eu sou mar,
Profundo, intenso, passional.
Não exija prazos e datas,
Eu sou eterno e atemporal.
Não imponha condições,
Eu sou absolutamente incondicional.
Não espere explicações,
Não as tenho, apenas aconteço,
Sem hora, local ou ordem.
Vivo em cada molécula,
Sou o todo e sou uno,
Você não me vê,
Mas me sente.
Estou tanto na sua solidão,
Quanto no meu sorriso.
Vive-se por mim,
Morre-se por mim,
Sobrevive-se sem mim.
Eu sou começo e fim,
E todo o meio.
Sou seu objetivo,
Sua razão que a razão
Ignora e desconhece.
Tenho milhões de definições,
Todas certas,
Todas imperfeitas,
Todas lógicas apenas
Em motivações pessoais,
Todas corretas,
Todas erradas.
Sou tudo,
Sem mim, tudo é nada.
Sou amanhecer,
Sou Fênix,
Renasço das cinzas,
Sei quando tenho que morrer,
Sei que sempre irei renascer.
Mudo protagonista,
Nunca a história.
Mudo de cenário,
Mas não de roteiro.
Sou música,
Ecôo, reverbero, sacudo.
Sou fogo,
Queimo, destruo, incinero.
Sou água,
Afogo, inundo, invado.
Sou tempo,
Sem medidas, sem marcações.
Sou clima,
Proporcional a minha fase.
Sou vento,
Arrasto, balanço, carrego.
Sou furacão,
Destruo, devasto, arraso.
Mas sou tijolo,
Construo, recomeço...
Sou cada estação,
No seu apogeu e glória.
Sou seu problema
E sua solução.
Sou seu veneno
E seu antídoto
Sou sua memória
E seu esquecimento.
Eu sou seu reino, seu altar
E seu trono.
Sou sua prisão,
Sou seu abandono e
Sou sua liberdade.
Sua luz,
Sua escuridão
E seu desejo de ambas,
Velo seu sono...
Poderia continuar me descrevendo
Mas já te dei uma idéia do que sou.
Muito prazer, tenho vários nomes,
Mas aqui, na sua terra,
Chamam-me de AMOR.

♥ Lenya Terra