Fotógrafa Teresa (Portugal)
Ao longo da vida vamos acumulando experiências, que, invariavelmente, redundam nos conceitos que construímos, frutos do material daquilo que experienciamos - pelas vivências nem sempre positivas, mas que geram resultados transformadores, portanto, sob este ponto de vista, mais que positivas, inspiradoras.
Na medida em que avançamos, a percepção vai sendo aperfeiçoada, e, vívida em nosso sistema sensório, é a bússola que orienta nossas decisões. Podemos tecer aqui o paralelo com a edificação espiritual, cada vez mais aflorada pela busca interior e decisão pessoal, evidenciada pela atenção dirigida aos sentidos que, alertas, recebem/enviam mensagens o tempo todo ao nosso Ser maior - ou a parte mais inteligente de nosso sistema vivo. Com estes filtros mais abertos, ou através da intuição mais refinada, estas informações chegam com mais freqüência e fidelidade, e são invariáveis indicadores do conteúdo que realmente precisamos atender.
Cada um de nós vai amealhando esses elementos que alicerçam nosso Ser e preparam nosso caminho em direção à evolução pessoal – e coletiva, porque nada no universo muda sozinho. Então nos parece natural o desejo de querer compartilhar esses aprendizados, dividindo nossos tesouros com aqueles que amamos. Um gesto de amor pensamos, e de fato o é. Entretanto, muitas vezes esquecidos de consultar a disposição desse outro, tendemos a empurrá-lo pela porta por onde passamos por escolha livre. Aliás, se um dia cruzamos seus umbrais, foi porque assim decidimos.
Não estar preparado para a travessia e ser conduzido é, quase sempre, uma violência. Um abrasivo atrito com os valores pessoais que não estão prontos para a desconstrução, desfazendo muitas vezes o equilíbrio dessa pessoa – atrasando seu caminhar, alterando sua rota.
Em nosso anseio de partilhar, confundimos nobreza de atitude com invasão de território. As escolhas são individuais, e elas exigem determinadas experiências vivenciais para que se concretizem, por isso, o que serve para um, não necessariamente serve para todos. O outro tem direito às suas próprias escolhas e definições de como viver – se estiver pronto para a passagem e o caminho for estreito, ainda assim passará.
Esta é uma demanda pessoal e intransferível, que, se acontecer em ressonância aos esforços da nossa jornada pessoal, que bom será seguirmos o caminho acompanhados. Mas não queira empurrar ninguém pela porta. Cada um cresce na medida e tempo que decide, esse momento é de cada um...
12 comentários:
Uia...
Que TEXTÃO esse mai incisivo e esclarecedor !! Tava EU carecendo de ler algo assim hoje especialmente Hoje..
Macaco sério por 120 segundos.. rss
Deusssssskiajude
Bejo reflexivo
Tatto
apenas viver e passar pelas portas!
abraço das conchinhas!
querida Denise, você é sempre um presente, um alento para dias em que tudo parece estar "desabando"!!, obrigada pelo seu carinho no Adiemus.
bjs
Mara
Que bom Tatto, que pude penetrar nessa seriedade mega-veloz levando o que precisavas.
Meu carinho, a-mico tão querido!!
Bjãozão procê!
Oi Priscila, que bom vc aqui!!!!
Pois é, inevitável, porém, casa um a seu tempo, não é?
Bjo, querida.
Olá, Mara...nossa, fiquei muito feliz com essa observação, embora preocupe o "desabando"...mas, se está aqui, recuperou-se...rs
Todo processo de superação perpassa a reflexão deste post, não é Mara? nada está em separado, que bom te receber aqui!
Um abraço carinhoso!
É vero...como é! Tudo tem seu tempo, seu ritmo próprio..."fórceps" traz sempre algum tipo de prejuízo...e fico aqui "analogizando" (rsrs)com as frutas forçadas a crescer: sem gosto, sem nutrientes, cheinhas de tóxicos...ou com aquele casulo que o impaciente cheio de boas intenções pensou estar ajudando, foi lá facilitar, rasgou e a brabuleta nasceu, mas não conseguiu voar...suas asas não estavam prontas!
Beijuuss irmiga n.c.
Essa analogia da borboleta que lutava pra "passar pela porta" me ocorreu e pensei em citá-la no texto, pq ilustra bem a boa intenção que atrapalha uma vida...e mostra que a passagem precisa, necessariamente, ser no tempo de cada um, com mais ou menos atrito, resistência, medo, coragem, determinação...
A lição que fica: as escolhas são de cada um, e, por mais que nos pareça bom pra alguém, se esse alguém não vê assim...
Bjãozão, queridona!!
Olá querida! Ser conduzido, também é uma escolha! Belo texto, bela reflexão!
Olha só, seu comentário no meu blog foi escolhido como um dos melhores e pode acompanhar o texto a que ele se refere, em versão impressa, na edição do livro "Teddy, o Outro". Passe lá e dê uma olhada, na guia "melhores comentários". Se aprovar a ideia, deixe um outro comentário autorizando. Beijo enorme.
Com certeza Tadeu, tudo é escolha...(aprendi bastante sobre isso).
Ser conduzido é querer passar pela porta - mesmo que não esteja tão pronto assim - o que é importante lembrar, é que ser conduzido é muito diferente de ser "empurrado"...rs, essa é a questão que "discuti" na breve reflexão que, aliás, surgiu depois de uma "daquelas" conversas muito interessantes com nossa amiga...rs
Sobre a autorização...vou pensar com carinho...rsrsrs
Outro beijo!
"Então nos parece natural o desejo de querer compartilhar esses aprendizados, dividindo nossos tesouros com aqueles que amamos"
...
Tudo muito lindo!
Pena seja que, muitas vezes, nessa tentativa ficamos frustrados, isto ao ouvirmos dizer:
- Este homem, acho que está doido. Isto é o resultado das coisas malucas que vê e anda a ler lá na internet.
Olá, Joe.
Concordo com vc, é lindo compartilhar - sendo que, pra mim, compartilhar é uma forma de estender, quer sejam conhecimentos, ensinamentos, experiências, sentimentos ou ideias. De forma natural (nem precisa comunicar) e tranqüila o outro absorve o que recebe, lembrando que o mais favorecido muitas vezes é aquele que "ofertou."
Um bom dia!
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