“Planto flores no caminho para que não me faltem as

borboletas. Foram elas que me ensinaram que o casulo

não é o fim. É o começo."

Day Anne



3 de fev. de 2011

Passar pela porta.

Fotógrafa Teresa (Portugal)

Ao longo da vida vamos acumulando experiências, que, invariavelmente, redundam nos conceitos que construímos, frutos do material daquilo que experienciamos - pelas vivências nem sempre positivas, mas que geram resultados transformadores, portanto, sob este ponto de vista, mais que positivas, inspiradoras.
Na medida em que avançamos, a percepção vai sendo aperfeiçoada, e, vívida em nosso sistema sensório, é a bússola que orienta nossas decisões. Podemos tecer aqui o paralelo com a edificação espiritual, cada vez mais aflorada pela busca interior e decisão pessoal, evidenciada pela atenção dirigida aos sentidos que, alertas, recebem/enviam mensagens o tempo todo ao nosso Ser maior - ou a parte mais inteligente de nosso sistema vivo. Com estes filtros mais abertos, ou através da intuição mais refinada, estas informações chegam com mais freqüência e fidelidade, e são invariáveis indicadores do conteúdo que realmente precisamos atender.
Cada um de nós vai amealhando esses elementos que alicerçam nosso Ser e preparam nosso caminho em direção à evolução pessoal – e coletiva, porque nada no universo muda sozinho. Então nos parece natural o desejo de querer compartilhar esses aprendizados, dividindo nossos tesouros com aqueles que amamos. Um gesto de amor pensamos, e de fato o é. Entretanto, muitas vezes esquecidos de consultar a disposição desse outro, tendemos a empurrá-lo pela porta por onde passamos por escolha livre. Aliás, se um dia cruzamos seus umbrais, foi porque assim decidimos.
Não estar preparado para a travessia e ser conduzido é, quase sempre, uma violência. Um abrasivo atrito com os valores pessoais que não estão prontos para a desconstrução, desfazendo muitas vezes o equilíbrio dessa pessoa – atrasando seu caminhar, alterando sua rota.
Em nosso anseio de partilhar, confundimos nobreza de atitude com invasão de território. As escolhas são individuais, e elas exigem determinadas experiências vivenciais para que se concretizem, por isso, o que serve para um, não necessariamente serve para todos. O outro tem direito às suas próprias escolhas e definições de como viver – se estiver pronto para a passagem e o caminho for estreito, ainda assim passará.
Esta é uma demanda pessoal e intransferível, que, se acontecer em ressonância aos esforços da nossa jornada pessoal, que bom será seguirmos o caminho acompanhados. Mas não queira empurrar ninguém pela porta. Cada um cresce na medida e tempo que decide, esse momento é de cada um...

12 comentários:

Xipan Zéca disse...

Uia...
Que TEXTÃO esse mai incisivo e esclarecedor !! Tava EU carecendo de ler algo assim hoje especialmente Hoje..

Macaco sério por 120 segundos.. rss
Deusssssskiajude
Bejo reflexivo
Tatto

Unknown disse...

apenas viver e passar pelas portas!

abraço das conchinhas!

ॐ Mara Bombo ॐ disse...

querida Denise, você é sempre um presente, um alento para dias em que tudo parece estar "desabando"!!, obrigada pelo seu carinho no Adiemus.
bjs
Mara

Denise disse...

Que bom Tatto, que pude penetrar nessa seriedade mega-veloz levando o que precisavas.
Meu carinho, a-mico tão querido!!
Bjãozão procê!

Denise disse...

Oi Priscila, que bom vc aqui!!!!
Pois é, inevitável, porém, casa um a seu tempo, não é?
Bjo, querida.

Denise disse...

Olá, Mara...nossa, fiquei muito feliz com essa observação, embora preocupe o "desabando"...mas, se está aqui, recuperou-se...rs
Todo processo de superação perpassa a reflexão deste post, não é Mara? nada está em separado, que bom te receber aqui!
Um abraço carinhoso!

Regina Rozenbaum disse...

É vero...como é! Tudo tem seu tempo, seu ritmo próprio..."fórceps" traz sempre algum tipo de prejuízo...e fico aqui "analogizando" (rsrs)com as frutas forçadas a crescer: sem gosto, sem nutrientes, cheinhas de tóxicos...ou com aquele casulo que o impaciente cheio de boas intenções pensou estar ajudando, foi lá facilitar, rasgou e a brabuleta nasceu, mas não conseguiu voar...suas asas não estavam prontas!
Beijuuss irmiga n.c.

Denise disse...

Essa analogia da borboleta que lutava pra "passar pela porta" me ocorreu e pensei em citá-la no texto, pq ilustra bem a boa intenção que atrapalha uma vida...e mostra que a passagem precisa, necessariamente, ser no tempo de cada um, com mais ou menos atrito, resistência, medo, coragem, determinação...

A lição que fica: as escolhas são de cada um, e, por mais que nos pareça bom pra alguém, se esse alguém não vê assim...

Bjãozão, queridona!!

Taddeu Vargas disse...

Olá querida! Ser conduzido, também é uma escolha! Belo texto, bela reflexão!
Olha só, seu comentário no meu blog foi escolhido como um dos melhores e pode acompanhar o texto a que ele se refere, em versão impressa, na edição do livro "Teddy, o Outro". Passe lá e dê uma olhada, na guia "melhores comentários". Se aprovar a ideia, deixe um outro comentário autorizando. Beijo enorme.

Denise disse...

Com certeza Tadeu, tudo é escolha...(aprendi bastante sobre isso).
Ser conduzido é querer passar pela porta - mesmo que não esteja tão pronto assim - o que é importante lembrar, é que ser conduzido é muito diferente de ser "empurrado"...rs, essa é a questão que "discuti" na breve reflexão que, aliás, surgiu depois de uma "daquelas" conversas muito interessantes com nossa amiga...rs

Sobre a autorização...vou pensar com carinho...rsrsrs
Outro beijo!

Unknown disse...

"Então nos parece natural o desejo de querer compartilhar esses aprendizados, dividindo nossos tesouros com aqueles que amamos"
...
Tudo muito lindo!
Pena seja que, muitas vezes, nessa tentativa ficamos frustrados, isto ao ouvirmos dizer:
- Este homem, acho que está doido. Isto é o resultado das coisas malucas que vê e anda a ler lá na internet.

Denise disse...

Olá, Joe.

Concordo com vc, é lindo compartilhar - sendo que, pra mim, compartilhar é uma forma de estender, quer sejam conhecimentos, ensinamentos, experiências, sentimentos ou ideias. De forma natural (nem precisa comunicar) e tranqüila o outro absorve o que recebe, lembrando que o mais favorecido muitas vezes é aquele que "ofertou."
Um bom dia!