“Planto flores no caminho para que não me faltem as

borboletas. Foram elas que me ensinaram que o casulo

não é o fim. É o começo."

Day Anne



6 de ago. de 2014

30 de julho

O título é o registro mais difícil que já fiz aqui, até hoje... a gente ouve, observa e imagina, mas nem se aproxima do que seja a dor de perder alguém de quem somos parte.


Quando amanheceu a última quarta-feira do mês de julho, meu pai se foi. 

O tempo parou naquela manhã gelada, e, apesar do sol que apareceu em todos estes dias, nada aquece meu coração. 
A gente sabe que existe um período de dor que acompanha o luto, e que não tem como precisar ou mensurar, o que a gente nem desconfia é que, quando se abate sobre nós essa perda, a dor é inexplicável - portanto, meu Pai, nem vou me esforçar pra encontrar nas palavras o que não cabe em meu coração...
Foram tantos anos de uma convivência estreita, e ainda ficaram coisas por dizer, por fazer. Fomos de poucos abraços, mas construímos uma relação que só cresceu e nos tornou mais próximos e amorosos um com o outro, e isso me faz bem pensar, me acalma, embora eu sinta falta de teus olhos azuis que nunca mais verei varrerem meu rosto, como no nosso último dia juntos. Sou grata por aquelas horas que estreitaram a gente, meu pai, num amor que você pode provar e se envolver para agasalhar teu espírito que lutava pra vencer aquele momento impotente... um dia em que teu grito mudo de socorro, ecoou dentro de mim. 
Sou grata pela principal razão de havermos nos escolhido como pai e filha para, em grande parte desta caminhada, aprendêssemos juntos nossas lições mútuas, sendo um para o outro oportunidades de evolução e crescimento. De tudo, meu Pai, restou o respeito, a imensa gratidão, o amor bonito e um sentimento de paz que vai preencher aos poucos o enorme vazio que provei à mesa no almoço da família reunida, da tua poltrona vazia na sala, da falta do som do chinelo pela casa, no silêncio que respeita a tua ausência por todos os cômodos.
Que aconteça a misericórdia da saudade mansa e gostosa que anunciam que chega, com o tempo, porque a dor que eu via e não compreendia... esta marcou a ferro e fogo, como no gado, pra sempre, meu coração.

Te amo meu pai, muito mais do que fui capaz de perceber em vida, mas para muito além desta existência!!


Deus te guarde na palma de Sua mão!

19 comentários:

chica disse...

Que chegue, como pedes ao Alto, essa saudade mais doce. Para ela, um tempo há de passar! Meus sinceros sentimentos!

Fuca bem e que ele descanse em Paz! bjs, chica

Regina Rozenbaum disse...

Ah minha irmiga_maaada...como sei/sinto essa sua dor. Já faz cinco anos que minha PÃE se foi e sinto como se fosse hoje. É verdade que com o passar do tempo a dor para de latejar diária e fica "sob controle". Controle que perdemos todas as vezes que saudade aperta nas lembranças tão vivas... Eu achava que estava super preparada, ainda mais sendo psi rsrs e espiritualmente num caminho de evolução. Ô bobagem sÔ! A gente só sabe expervivendo né?! Força aí minha amaaada e nem careço dizer, mas vou: toaquigarradanocê!!!
Beijuuss

MARILENE disse...

Denise, por estar vivendo a mesma dor, demorei um pouco para ler sua postagem. Há dias na vida de todos que jamais serão esquecidos, aqueles nos quais perdemos alguém muito amado. Por mais que saibamos ser essa a trajetória humana, nascer e morrer, sorrimos na primeira fase e choramos nas despedidas. Que encontre amparo na fé e que possa relembrar com uma saudade não doída, a convivência que teve o privilégio de usufruir. Bjs.

Teresa Cristina disse...

meus profundos sentimentos e vibrações de paz!!

Luma Rosa disse...

É verdade, Denise! Imaginamos mas não sabemos realmente como é a dor da perda, até que ela acontece em nós! Com o tempo você irá se acostumar com a dor, não tem volta! E ela vai se transformar em outro sentimento, ou já está se transformando, posso sentir pelo seu texto: Gratidão!
Fica bem!!
Beijus,

RESILIÊNCIA disse...

Denise

O meu pai...também transformou-se em luz.
Confesso...nunca tive coragem de escrever sobre ele... em razão da tamanha emoção que minha alma passaria.
Abraços na alma... um dia haverão de se encontrar...
abraços abraços

Vera Lúcia disse...


Querida Denise,

A homenagem emociona, principalmente a mim, que pude sentir a perplexidade que você sentiu diante da impotência provocada pela perda.
Você há de superar, pois seu pai não gostaria de vê-la sofrer por ele. O tempo acalma a dor. Fica a saudade. Esta, ninguém remove, pois transforma-se numa tatuagem inapagável.

Fique bem!

Um abraço bem apertadinho e carinhoso.

Beijo.

Anônimo disse...

Texto tão lindo, Dê. Sabe, o que falei aquela hora por telefone é o que vale pra mim. Torço pra que essa sua saudade doída não se demore tanto. Torço pra que venha logo a saudade alegre, que seja feito o abraço dele enlaçando os teus ombros.

Um beijo, meu bem.

Denise disse...

Obrigada Chica, aos poucos a vida segue e os sentimentos se acomodam dentro da gente...

Um abraço afetuoso, grata pelo carinho!

Denise disse...

Pois é Rê, a gente vive lidando com sentimentos, perdas e emoções de tanta gente, mas quando acontece com a gente, fica difícil e nos pegamos com o mesmo emaranhado, né?
Eu acredito que o tempo traga o alívio, e sou grata por ter vivido com ele as últimas horas e demonstrado meu amor. Isso é meu bálsamo, mas não é passaporte pra transitar sem dor pelos dias...

Um beijo minha amada, o calor de teu afeto sempre aquece minha alma!

Denise disse...

Verdade Marilene, estamos sentindo na pele o que é viver essa etapa da vida em que as despedidas são inevitáveis... Deus nos conforte e fortaleça na fé, amiga!
Um abraço quentinho pra vc tb, tá??

Denise disse...

Obrigada Teresa Cristina, pela visita e carinho. O outro lado da vida é desconhecido, mas eu creio em seu descanso em um lugar melhor, em paz!

Abraço forte!

Denise disse...

Ah, Luma, a gratidão já é fato, principalmente em relação a meu pai, isso é reconfortante tb. E o tempo trará tudo amenizado, a saudade tomará o lugar desta tristeza, sim. Eu creio!

Um beijo, querida, obrigada pelo carinho, viu?

Denise disse...

Olá Ari, eu nem pensei sobre o que escrever, acho que sublimei alguma coisa nas palavras que saíram espontaneamente... isso me fez bem, embora doa, ainda, falar sobre sua partida...

Deus cuide de nosso pais, meu amigo, até que nos reunamos, todos!
Outro abraço, com carinho!

Denise disse...

Vera, querida,

acho sim que o tempo ajuda, e procuro não mergulhar no sentimento da tristeza, embora a dor seja presente. É muita gente querida confortando a gente nessas horas, e que efeito tem sobre nós, não é?
Sou imensamente grata por todas as manifestações de carinho que tenho recebido, obrigada e sinta-se envolvida num abraço fraterno, quentinho, de quem compartilha a mesma dor!!

Denise disse...

Ah, Mi... te ouvir foi tão bom... teu carinho me envolve sempre, e sou feliz por isso, grata e feliz!!!

Um beijo, menina querida!!

Ivana disse...

Denise, nesse momento nos sentimos quase incapazes, a sensação é que palavra alguma irá minimizar a dor da perda. Infelizmente também passei por isso, e não esquecemos daqueles que nos confortaram com uma palavra ou um abraço. Muito recente a perda do seu pai, mas o tempo vai nos fortalecendo. Um abraço, bom dia!

Denise disse...

É verdade, Ivana, as palavras ficam vazias. O tempo vai se encarregar de acomodar tudo. Nada é pra sempre, mesmo...

Obrigada, um abraço!

Denise disse...

Parabéns, Marilu, vou lá conhecer a tua netinha!

Abraços, vovó!!!