“Planto flores no caminho para que não me faltem as

borboletas. Foram elas que me ensinaram que o casulo

não é o fim. É o começo."

Day Anne



10 de ago. de 2013

Pai...






Pai...aquele da minha infância, da minha meninice, o que me levou ao altar. Aquele, orgulhoso de por no colo o primeiro neto que eu dei - o pai de poucos afagos, mas devotado à família que construiu.

Eu queria poder conservar aquele homem que me conduzia na dança, me inspirava confiança e tirava de apuros. Queria que lembrasse das tantas histórias que nos contava, além destas hoje requentadas pela memória falha, mil vezes repetidas.

Eu queria poder estender a vida daquele pai que me aprovava com um mudo olhar, o mesmo que soube superar a dor de me ver tão triste - somente acolhendo minhas escolhas, sem me questionar. Mas eu queria, principalmente, de volta o brilho nas contas azuis dos seus olhos hoje mortiços.

Queria ouvir o som abafado dos passos arrastando os chinelos, rever o vigor dos discursos [jamais supus que sentiria falta deles!!!] e sentir a determinação para agir... a mesma que eu queria sentir na pele se pudesse mudar teu destino.... e então meu pai, como queria que você jamais se fosse de minha vida, te daria tempo, te faria forte pra que te sobrasse vida...

Feliz teu dia, meu pai, amo você!

* O texto de 2008, levemente reeditado, serve para hoje e servirá para sempre...


16 comentários:

Calu Barros disse...

Em tua tocante declaração reside o desejo de todos(as)nós: revigorarmos o corpo e o espírito daqueles que amamos.

Tua poética oração alcança os céus e se espalha em todos os corações na Terra.
Bom domingo,
Bjkas,
Calu

R. R. Barcellos disse...

A quem nos deu vida só podemos retribuir dando vida a seus netos, bisnetos...

Beijos, menininha.

Maria Olimpia disse...

Que lindos! Você e seu pai com esses olhos azuis. Um céu! Meus abraços.
Maria

Quintal de Om disse...

Pai sempre será o nosso herói. Pelo menos o meu é e sempre será. É minha lembrança mais gostosa na infância, nas traquinagens e até nas broncas.
Pai é esse amor eterno e tantas vezes, o coração apertado. É o medo da perda e o mais bonito dos reencontros.

E a homenagem, querida Denise, não poderia ter sido mais perfeita e com endereço certinho: ao primeiro "dono" do nosso coração.

Beijo na alma,
Sam.

Milene Lima disse...

Que boniteza de amor, Denise. A gente inevitavelmente sente falta do tempo que não dedicou a eles, a gente sente falta até dos sermões tão cheios de sabedoria, os quais eram encarados por vezes com desdém da nossa pseudo sabedoria juvenil.

Beijo, beijo!

Vera Lúcia disse...


Denise querida,

Você me surpreendeu com o carinho de suas palavras e me fez um doce afago no coração. Obrigada!

Meu pai também foi um homem de poucos afagos, mas um homem de valores maravilhosos. Graças a seu exemplo somos o que somos hoje (eu e meus irmãos). Ele já se foi, mas seu legado será eterno.

Homenagem emocionante ao seu belo pai de olhos azuis.

Linda você.

Beijão.

Regina Rozenbaum disse...

Disse lá, repito cá: que olhar! Não os vi "mortiço" mas em algum lugar onde há LUZ e ilumina assim os pontos escuros... Em 2008 aida não te conhecia Dê, então o texto é mesmo inédito "para sempre"!
Beijuuss irmiga_maada

Denise disse...

Olá Calu, que surpresa gostosa te enciontrar aqui no Tecendo.
Na verdade, esse sentimento que tentei expressar foi fruto de um momento particularmente difícil, uma vez que me pus a observar os resultados já visíveis, à época do texto, da dioença que acometeu meu pai. Ele sofre do Mal de Alzheimer, e nada mais apropriado do que essas expressões: sofre e Mal... muito doído, imagine agora, cinco anos passados, como ele está... é isso.

Um grande e afetuoso abraço!

Denise disse...

E vc sabe Rodolfo, o quanto isto iluminou a vida de meu pai - e tem iluminado com a chegada de bebês risonhos e lindos, que ele ama...

Bjos, querido meu!

Denise disse...

Pois é Maria, os olhos dele, as contas azuis que desejei tanto ver no rosto de um filho, estão se tornando manchas apagadas... antes do tempo, a doença lhe tem roubado a vida...

Bjos

Denise disse...

Vc tem razão Sam, o primeiro porto seguro que temos na vida é aquela figura que envelhece sem perder a força... pelo menos dentro do coração, jamais perderá!!

Tua doçura é um alimento precioso em nossos dias menos fáceis, sabe disso né mocinha?...rsrs

Obrigada Sam, beijoca pra vc querida!

Denise disse...

Eu me lembrei dos seus discursos cheios de viço e energia... as mesmas coisas que a doença lhe roubou, pondo em seu lugar uma inércia que angustia a gente...

Meu pai, amor antigo, nem sempre vivido em paz, mas imortal nos nossos corações, isto é o que importa, né Mi?

Bjos da tua galêga!

Denise disse...

Eles se vão e nada nos tira esse legado, não é Vera? O meu ainda me brinda com seus olhos azuis, que ora se ausentam, ora vibram no resgate de um passado tão distante que, no final das contas, nos atualiza a memória. O amor tem seu jeito próprio de fluir... graças a Deus!

Teu coração que é doce, cativante e amigo!
Bjos

Denise disse...

Rê, a foto não é atual, é do início sutil do Alzheimer... mas o olhar era assim, vivo, às vezes duro e severo, mas não me prendi a esses momentos que passavam, preservo a imensidão deles, como a do mar, onde me perco nas memórias boas... é de lá que alimento o amor e fujo da dor, entende?

Um bjãozão procê, minha amada!

Tais Luso de Carvalho disse...

Nunca é tarde para ler uma declaração de amor, de gratidão e de realidade tão linda... Triste, é verdade, mas linda pelos sentimentos revelados e tão transparentes!
Hoje, meu pai ausente, continua sendo o meu herói!

Beijos, querida!

Denise disse...

Oi Tais, que bom que veio, teu carinho é sempre motivo de alegria pra mim. Nem sei se se ele é meu herói, mas lhe devo muito e sofro tanto vendo-o alheio à vida que sempre esteve ali nas suas mãos, tão dependente e indefeso... este mundo criado pela sua mente é um refúgio, bem sei, mas isola o sujeito de uma maneira cruel - e isso me dói muito, pq muito pouco posso fazer por ele.

Que teu herói jamais se apague de teu mundo afetivo!
Bjos