“Planto flores no caminho para que não me faltem as

borboletas. Foram elas que me ensinaram que o casulo

não é o fim. É o começo."

Day Anne



4 de abr. de 2011

A ONDA...

As catástrofes abalam mais do que a estrutura física que devastam, deixando atrás de si mais do que escombros da destruição. O aspecto positivo de cada evento furioso da natureza, é a reflexão
que acompanha a imagem congelada da dor que assolou tantas pessoas - vitimando-as além de qualquer aparência cabível de descrição, como aconteceu no Japão.
Recebi esta mensagem da minha amada Rê(gina), e, apesar de não ter nada contra sonhos de conquistas materiais, viagens - eu mesma levei os meus pra Disney e tirei centenas de fotos, vou ao shopping, já assisti muito Faustão, novelas e BBB - me chamou atenção o enfoque, pós-tsunami, dos valores que temos em evidente descuido...talvez.

Compartilho o texto para avaliação de vocês próprios, unica forma que existe de construir conceitos - ainda que seja a partir de crenças e valores em comum com nosso meio familiar e redes sociais.

Boa leitura!




"ESTE MUNDO É IMPERMANENTE.

É COMO O REFLEXO DA LUZ NA ÁGUA.

TODAS AS NOSSAS REALIZAÇÕES
SERÃO DEVASTADAS PELOS
VENTOS DA MUDANÇA."

Buda



Tristes tempos os nossos, em que o individualismo exacerbado impera como regra amplamente difundida e aceita. Vidas reduzidas a minúsculas caixas – pequeninas zonas de conforto. Projetos existenciais reduzidos aos interesses próprios e aos da família imediata.
A superficialidade das conversas que ocupam as relações sociais e o nosso dia-a-dia comprova a miopia existencial que impera:
“O meu carro ‘zero’!
“O plano de saúde ‘top’ da minha família”.
“O meu salário e a minha renda.
“O apartamento maior para onde em breve pretendo me mudar.”
“O roteiro de férias da minha família! Quer ver as fotos dos meus filhos, em Orlando, com Mickey e Pateta?”
“O meu iPad 2, de última geração! Não que o outro, que havia comprado há pouco, fosse ruim, mas lançaram este e tenho que ostentar.”
“O meu tempo livre: Big Brother, Faustão, passeio no shopping, futebol e novela."
E vem a onda gigantesca sacudir as nossas rasas convicções, e remeter os olhos dos que queiram enxergar para as coisas que realmente importam. Diante das forças imponderáveis da existência, até mesmo o monte Fuji vê sua opulência perdida. Era para ser mais um dia de rotina e afazeres, como outro qualquer, não fosse a grande onda. Um breve instante, e tantos planos, projetos e existências arrasados. Viver é dançar na corda oscilante do inesperado. Não convém depositar a nossa confiança nos bens materiais, nos dias e nas horas. Tudo que é sólido se desmancha no mar. Os bens materiais não resistem às tempestades e intempéries da vida. Não convém depositar neles a nossa confiança. Impermanência – outro nome para a vida terrena. Bairros inteiros varridos num piscar de olhos. Lista contendo os nomes dos milhares de vítimas. Para os que partiram não haverá mais outonos ou primaveras, feriados ou provas na escola, manhãs de domingo ou noites estreladas.
A vida é como uma rosa que nos inebria com o seu perfume e nos dilacera com os seus espinhos. Sabedoria é empreender a travessia pelo árido deserto da existência, rumo ao oásis verdejante da essência. E de frente para o mar, absorta em pensamentos, ela pondera:
“A vida é breve demais para que a façamos pequena.”

*Um peregrino

6 comentários:

Caca disse...

Otto Lara Resende disse certa vez que o mineiro só é solidário no câncer. Acho que isso foi uma metáfora que aplica-se à nossa condição atual. Tudo o que é coletivo ou agregador só tem significado diante de tragédias, onde podemos exercer um certo remorso diante de nossa vida tão apequenada pelas coisas materiais que nos consomem tempo e circunstâncias. Maravilhoso esse texto, Denise. Meu abraço. paz e bem.

Regina Rozenbaum disse...

Sabe Dê entre tantas coisas o que me intriga? O anonimato de quem escreve uma preciosidade dessas! "Peregrino". Aliás, não é assim que deveríamos, todos, estar nesse mundo? Andarilhando sem bagagens, semeando AMOR, tocando os caminhos sem nenhum tipo de "sapato" a nos separar das sensações/expervivências da caminhada?! Ainda bem que existem esse Peregrinos que utilizam das palavras para nos fazer refletir e perceber o tamanho de nossa pequenês.
Beijuuss, irmiga, n.a.

Denise disse...

Cacá, tua reflexão ecoou em minha mente, trazendo pra mim essa clareza desconcertante...

É nesta riqueza que a blogosfera me arrebata!

Um enorme abraço, com gratidão.

Denise disse...

Realmente Rê, e agora vc completou a ressonância que senti quando vi a mensagem, e te agradeço de novo por esta partilha que gerou estes profundos comentários, numa autêntica e inegável miragem no espelho que reflete a nossa pequenez...somos acanhados mesmo, diante da dimensão da vida nem sempre devidamente valorizada por nós...

Andarilhamos sim, mas a distribuir insatisfação diante do mundo e dos feitos que não temos...é hora de olhar por sobre os ombros para definir os próximos passos...

Um beijo, irmiga, parceira de caminhada!

Xipan Zéca disse...

Deny...

No device to stop ( Ser Humano ).. Superficialidades... éca!

P.S.- Já te contei qtos Dóleris eu pagui do meu Nayki Shótis made in LALONGE, de amortecedor? kkkkkkkkkkkkkkkkkk

Deussssssssssssssskiajude
Beijo
Tatto

Denise disse...

Vc tem uma influência enorme sobre meu riso froxo, Tatto...kkkkkkkk...ai ai...coisa boa teu astral, tua energia, tua presença!

Cêqui num sabi quantos reals paguei nu meu 'pretinho básico'...rsrsrs

Bjão humano-a-mico!