“Planto flores no caminho para que não me faltem as

borboletas. Foram elas que me ensinaram que o casulo

não é o fim. É o começo."

Day Anne



21 de abr. de 2010

Filhos, a gente os quer pra gente. Sabe que não pode, não deve e nem os tem. Mas, os quer!


Minha homenagem para o dia das mães, conforme já anunciei anteriormente, será para a nossa mãe do ano: minha nora. Mas hoje meu território “mãe” foi invadido pela urgência – saudade, será? – de falar sobre elas, não para elas...rs


Escrever para as mães, é falar deles, essas "porções gigantes" de amor que temos: os filhos! Nem todos crescem no ventre do corpo, há os que foram gerados no calor do coração, que os aloja quentinhos nutridos pelo tum-tum que os acalenta. Esse é o lugar em que eles, filhos, se alojam - e de onde nunca saem - esse "ventre" nunca fica vazio! O que fica vazio é o silêncio da casa quando eles partem. É disso que quero falar...

A gente sabe que aqueles bebês frágeis não nos pertencem, que são transitórios - enquanto bebês e como nossos. Mas a gente os quer pra gente. Sabe que não pode, não deve e nem os tem. Mas, os quer!

A sua chegada em nossas vidas reais é semelhante a um furacão. Nós, mães, temos a intimidade que o cordão umbilical alimenta, e ela se propaga no coração materno antecipadamente para receber a criaturinha cuja parte de seu DNA carregará para seu sempre. E talvez seja essa aliança que consagre esse vínculo entre pais e filhos que não morre nunca. Mas a tonta se apodera do serzinho que não lhe pertence, embora seja dele até enquanto ele lhe precise – ou escolha. No íntimo o coração materno sabe que essa viagem juntos não é diferente de outra qualquer, com data marcada de partida e de chegada - neste caso, ao contrário! – e que toda bagagem corre risco de excesso, de extravio, mas necessária para atender às necessidades da travessia. Pronto! Chegou o termo mais apropriado para descrever a função da condição materna e paterna: travessia! Somos facilitadores no processo de passagem de um estágio das vidas de todos os envolvidos, para outro. O primeiro não é longo pra nenhuma mãe, que não pára pra pensar que pode representar aproximadamente um terço de sua vida – não é pouco, mas insuficiente diante do apetite materno, que, se pudesse devorar pra si o tempo restante, devorava!

É muito bonito ver as pessoas anunciando a necessidade saudável da despedida dessa comunhão sagrada (psicólogos!), mas todo coração de leoa reluta no princípio, não deseja abrir mão dessa simbiótica relação – algumas, inadvertidamente, adoecem a relação sufocando seu pertence de muito amor...”assim ele fica”, imagina ela, que dispara sem saber, o tiro de misericórdia que pode cortar esse laço apertado.

Voltando ao tema principal, fazer a cabeça do coração não é tarefa fácil, ele se recusa a ler a mensagem, não atende ligações e finge que não ouve ou vê. É preciso amar muito, para amar bem. É preciso que seja imensa a reserva de recurso interno – nossas armas para não perder essa guerra.

Mas o amor vence, e quando eles deixam o ninho, a gente lava de lágrimas quentes e doloridas o vazio que ocupa todo nosso ser. E nosso redor. Por alguns dias cambaleamos ocas, pela casa surda. Depois esprememos a memória do cheiro, para sentir a presença. E encontramos o sono no raiar do dia – mais um de saudade!

A acomodação dessa mudança é relativa, está intimamente ligada à qualidade desse amor – inerente a todas, perceptível para poucas. O fato é que, aos poucos a vida retoma seu rumo, e os espaçados abraços são preenchidos por inúmeros telefonemas – e chamadas no skype, no MSN e mensagens de celular. À mãe cabe a tarefa de emprestar à voz uma serena galhardia, representando uma tranqüilidade que está longe de sentir, e uma força que precisa emprestar para que seu “filhote” voe com segurança. Só ela pode fazer esse papel – a mais perfeita das atrizes!

A gente os gera sabendo que esse dia vai chegar, que a travessia vai acabar e as asas os vão levar, mas a gente os quer pra sempre. Sabe que não pode, não deve e nem os tem. Mas, os quer!

8 comentários:

Unknown disse...

Amamos as nossas mães quase sem o saber e só nos damos conta da profundidade das raízes desse amor no momento da derradeira separação ...

Beijo.

Denise disse...

Vc sempre mostrando a outra face, Manuel...grata por contribuir com essa pronta "inteligência emocional"...e pela profundidade de tua observação - "extra-vaza" sentimentos!

Beijo

A.S. disse...

Denise...

«A Mãe é a substância de todas as coisas» (NOVALIS)

Beijo
AL

Denise disse...

Acho que é isso...a mãe "nutre", e de todas as formas, com toda sua força.

Sim, sou substância de todas as coisas...e luto por todas as causas...rs

Grata pela visita e pela preciosa observação, AL.

Beijo

Quando a vida dentro de mim se tornou possivel disse...

Que lindoooooo...!!
somos "tontas" mesmo!!tonta por amar tanto.
Parabéns Denise. Você sempre arrasa!!
Bjos

Denise disse...

Obrigada Rejane, vc que sempre exagera...rs

Mas vou te confessar, esse texto não foi escrito com 'o coração na ponta dos dedos', só...o útero pulou na frente! visceral! me tomou por inteiro - ou inteira?...rs

Bom te ver aqui!
Bjão!

Bloguinho da Zizi disse...

De
Sou a tonta das tontas.
Perfeita para uma labirintite.
Perdida no meio das lágrimas e das palavras de incentivo.
E agora, bem que eu queria o colinho da minha mãe e suas palavras amorosas me dando coragem pra enfrentar o que tenho pela frente.
Beijinho

Denise disse...

Zizi, minha amiga querida, coração derretido como o meu...não poderia ser diferente...para agora, feche os olhos e visualize esse teu querer acontecendo...é disso que precisa para enfrentar o que quer que seja...de outro lado, segura dÉle, e vai...

Beijo com imenso carinho...e enorme emoção!