“Planto flores no caminho para que não me faltem as

borboletas. Foram elas que me ensinaram que o casulo

não é o fim. É o começo."

Day Anne



8 de jan. de 2011

A dor serena


A experiência da dor é comum a todos os homens.
Ela se revela a cada um de modo diferente, mas a todos visita.
Os pobres sofrem pela incerteza quanto à manutenção de sua família.
Os doentes experimentam padecimento físico.
Os idealistas se angustiam pelo bem que tarda em se realizar.
O governante se acabrunha pela magnitude da tarefa que lhe repousa sobre os ombros.
Qualquer que seja a posição social de um homem, ele vive a experiência do sofrimento.
A própria transitoriedade da vida terrena é fonte de angústias e incertezas.
Pode-se muito fazer e muito angariar, mas a morte é uma certeza e a tudo transformará.
Alguma dilaceração é inerente ao viver.
Ninguém ignora a possibilidade de seus afetos o sucederem no retorno à Pátria Espiritual.
Nenhum homem sensato imagina que o vigor físico o acompanhará para sempre.
A universalidade da dor chama a atenção dos homens para o fato de que são essencialmente iguais.
Ocupam diferentes posições e têm experiências singulares, mas ninguém é feito de material imune à ação do tempo.
A vida material é transitória e isso não se pode negar.
Contudo, as pessoas evitam refletir sobre essa realidade.
Quando apanhadas pelos fenômenos próprios da transitoriedade da vida, costumam se revoltar.
Todos sofrem, mas poucos sofrem bem.
Tão raro é o bem sofrer que geralmente não é sequer compreendido.
Quando, em face de alguma experiência dilacerante, a criatura mantém a serenidade, acha-se que ela tem algum problema.
Confunde-se sensibilidade à dor com escândalos.
Se a pessoa não brada indignada e não procura culpados por sua miséria, entende-se que ela tem algo de obscuro em seu íntimo.
Uma mãe capaz de suportar serenamente a dor da morte de um filho surge aos olhos alheios como insensível.
Como se ausência de gritos significasse falta de amor!
No Sermão da Montanha, Jesus afirmou a bem-aventurança dos que choram, dos injuriados e perseguidos.
Certamente não estava a referir-Se aos que sofrem em meio a revoltas e desatinos.
Afinal, em outra passagem evangélica, afirmou que, quem desejasse, deveria tomar sua cruz e segui-Lo.
Trata-se de um sinal de que a conquista da redenção pressupõe algum sacrifício.
A Terra, por algum tempo ainda, será morada de Espíritos rebeldes às leis divinas.
Por séculos, semearam dor nos caminhos alheios e não se animaram a reparar os estragos.
Por isso, são periodicamente atingidos pelos reflexos de seus atos, até que aprendam o código de fraternidade que rege a Vida.
Reflita sobre isso antes de se permitir gritos e rebeldia.
As experiências que o atingem visam a torná-lo melhor e mais sensível à dor do semelhante.
Elas possibilitam sua recomposição perante a Justiça Cósmica.
Não perca a oportunidade com atitudes infantis.
Cesse reclamações, não procure culpados e não se imagine vítima.
Aproveite o ensejo para exemplificar sua condição de cristão.
Quando o sofrimento o atingir, sinta-se desafiado a ser um exemplo de dignidade, esforço e luta.
Sua serenidade perante a dor fará com que outros repensem a forma com que vivem.
Assim, você estará colaborando na construção de um mundo melhor, com menos revolta e insensatez.
Pense nisso.

Redação do Momento Espírita

6 comentários:

AC disse...

Muitas vezes é na dor que descobrimos os nossos limites. Não há caminho sem dor, não há descoberta sem o vislumbre do reverso.

Beijo :)

Denise disse...

Alguns comentários são a síntese da mensagem. Este teu AC, é um desses, que a gente lê (relê) e aplaude!
Obrigada pela participação que enriquece o Tecendo.

Beijo

Regina Rozenbaum disse...

Olha vou lhe contar um segredo: dos vários degraus da nossa constante evolução e aprendizagem esse é um dos que tenho mais dificuldade! Pode até parecer lógico, mas para mim não é...pq não podemos aprender sem dor? Pq não podemos descobrir o quanto somos ilimitados sem tanta luta???!!!Afff...um dia eu chego lá...(nem sei onde rsrs)
Beijuuss, lindona,n.c.

Jeanne Geyer disse...

Está no Evangelho Segundo o espiritismo, Bem e Mal sofrer.
precisa ter muita sabedoria para saber sofrer e suportar com resignação e entendimento a dor, a doença, o envelhecimento, tudo que é natural na vida e que hoje em dia parece que virou doença, ninguém quer sofrer, ninguém quer envelhecer, como se ser feliz fosse obrigação, um passaporte de aceitação na sociedade.
entendeste bem, não estou falando de masoquismo, estou endossando a reflexão de hoje...
acho que sei sofrer, pq sofro mesmo, e não fico me queixando, procuro tirar da vida o melhor, o que não puder TEM que aceitar. vem de Deus, e vindo dele é sempre para o bem.
Ufa! Desculpe o discurso,rsrs
Beijos

Denise disse...

Rê, na prática a gente vive isso como verdade - talvez única. E é real que parece que todo aprendizado passa pelo sofrimento - creio que a gente acredita tanto nisso que não muda o padrão...claro que, como vc, tenho a mesma dificuldade, mas tenho exercitado um pouco do contrário - me permitindo aprender pelo amor, pelas lições que ele trás. E através de meu neto, parece que tirei a tampa de um recipiente inesgotável em energia...cada evolução dele, sons, tentativas para andar, sinto um-não-sei-te-explicar, mas que me faz observar e com ele aprender...tenho pensado nisso, sabe irmiga, e tento fazer desse sentimento novo o trampolim para novos aprendizados, sem dor...

Vc sempre me pondo pra pensar...rsrs
Bjão!!

Denise disse...

Jeanne, que alegria te encontrar aqui!
Imagina, vc pode abusar - discursar, desabafar, palestrar, o que desejar...rsrs

É fato o que vc ponderou, essa obrigação, a competitividade nas relações, a necessidade da aparência bem cuidada - tudo a qualquer custo, assusta a gente. Aprender a circular entre as etapas transitórias, construindo nossas verdades sem a pressa que tiraniza os sentimentos - com serenidade conhecer, aceitar e vivenciar...a suprema lição que nos testa, e demanda novas arquiteturas nessa construção...

Opa...lá fui eu, agora...rsrs
Bjos, querida!