“Planto flores no caminho para que não me faltem as

borboletas. Foram elas que me ensinaram que o casulo

não é o fim. É o começo."

Day Anne



7 de nov. de 2010

De todos os silêncios, o maior que eu conheço, é o da morte.





Faltavam alguns minutos para as sete da manhã e desperto com o celular chamando. Atendi sabendo quem era, sem precisar olhar. Minha amiga de mais de 40 anos perdera a mãe. Mais do que seu cérebro, não resistiu seu corpo físico, e desligou-se deste mundo.
Sem qualquer conotação religiosa, esta reflexão se detém às observações impossíveis de não serem percebidas ao longo do período em que estive presente no funeral, prestando minha homenagem àquela que desde menina acolheu-me em sua casa, e levando conforto para a família amiga.
De todos os silêncios, o maior que eu conheço, é o da morte. Há alguns dias, uma sensibilidade ampliada se instalou em meus sentidos, o que me faz perceber com clareza e prontidão determinadas situações. Senti e observei que entre os murmúrios das conversas paralelas, estava o silêncio – não sei se daquele corpo que pertencia à uma vida que se fora, ou se da morte, que se impunha naquela capela, sendo velada.
Mais que murmúrios, os sons se misturavam e, de alguma forma, orquestravam as emoções – a comoção natural à chegada de cada visitante repetia o lamento da dor que sentiam. As expressões das faces marcadas pela tristeza alternavam o misto de sentimentos presentes – assim como era nos abraços que repousava a maior das tristezas dessa família. Não somos preparados para essa separação, de fato. Temos consciência dela, mas o nosso bem querer humano não entende a perda, o apego ao ente querido é uma corrente que se rompe no coração, que se sente náufrago e órfão de futuro.
O dia ganhou a tarde, e esta, o acelerar dos ponteiros, indicando que era chegada a hora do definitivo adeus. Sinos dobraram no início do cortejo, a última caminhada juntos. Acompanhei até começarem a usar tijolos e cimento – dali em diante refiz o caminho voltando sob meus passos, ouvindo e eco que cada passo no cimento rústico do corredor principal provocava. Esta imagem me reporta às perdas que sofri, opto sempre que posso, por não revivê-las...
E assim, caminhava enquanto registrava os sons entrecortados pelo gemido do vento - e o barulho do salto do sapato marcando aquele final.
Não há desamparo onde há amor. Ficou esse legado para os que permanecem, que possam superar o momento com o pensamento elevado e a fé como sustento.
Algumas imagens de dias melhores queriam se sobrepor, e foi delas que me fiz acompanhar na volta pra casa.

8 comentários:

Fátima Guerra (Mellíss) disse...

Denise

Que as estrelas permaneçam até o amanhecer.
Tenha uma semana feliz!
Carinho,

Fátima Guerra.

Denise disse...

Obrigada, Fátima - pelo carinho e pela visita!

Que sejam dias de harmonia, uma semana feliz para todos!
Bjo

gabyshiffer disse...

As estrelas sempre estão lá, mesmo que a gente não as veja após o amanhecer...
:)
Boa semana pra vc
Beijos

“Se você quer transformar o mundo experimente primeiro promover o aperfeiçoamento pessoal, realizar inovações no seu próprio interior. Estas atitudes se refletirão em mudanças positivas no seu ambiente familiar. Deste ponto em diante, as mudanças se expandirão em proporções cada vez maiores. Tudo o que fazemos produz efeito, causa algum impacto.” (Dalai Lama)

Em busca de mim, como realmente sou. disse...

Denise,
aprendemos muito em velórios. O quanto a vida é frágil. O quanto tudp pode mudar derrepente, ao perder um ente tão querido. Dói demais.
Como vc disse, é uma realidade em que ninguem esta preparado para vivê-la.
Eu morro de medo do dia em que eu perder meus pais.

Regina Rozenbaum disse...

Minha amigamada, moça linda de viverrrr!
Bem aventurada é sua amiga que a tem,silenciosamente ao seu lado, em momento mais que especial!
Beijuuss ILUMINADOS a ela e a vc

www.toforatodentro.blogspot.com

Denise disse...

Muito bonita tua mensagem Gaby - e verdadeira tua observação: a luz do dia encobre o brilho das estrelas, mas elas estão lá...anotei o lembrete, OBRIGADA, querida!

Bjo grandão!

Denise disse...

É verdade Damaris, não é bom perder nossos amores, e aí inclua tudo: família, amigos, bichinhos...porém, tudo muda de acordo com o nosso olhar, mas esse é pessoal, cada um constrói seu valor ao longo da vida - e tem que ser respeitado.
A gente aprende o tempo todo, né? até em velórios...
Um beijo pra vc! adorei a visita!

Denise disse...

De que valeria estarmos na vida uma da outra,em todos os momentos - bons ou não - e justo neste, faltar, não é Rê?
Quem vive sabe o valor que tem...
Um enorme beijo, queridona!!