“Planto flores no caminho para que não me faltem as

borboletas. Foram elas que me ensinaram que o casulo

não é o fim. É o começo."

Day Anne



14 de dez. de 2007

Permanente construção


Há uma certa urgência envolvendo o desejo, e é contraditória essa quietude que faz sossegar a sofreguidão dos anseios. É uma acomodação dos sentidos, refreando a ansiedade.
Nas andanças da memória da saudade, tudo vai sendo purificado quando alguns fragmentos coloridos sobrepõem as centelhas da negritude das vicissitudes vividas; matizando a vida, esta eterna aprendiz.
Tudo se acalma quando dispomos as imagens em desfile sob a retina avaliadora, preenchendo de luz qualquer desassossego. É cristalino o sentir, desvendando os mistérios de impressões embaçadas; por isso, abençoado todo processo que organiza as mutilações que o tempo imputa no fundo da inconsciência que nos protege, momentaneamente. Ela guarda o que, um dia, revelará os aprendizados necessários, se fazendo luz nas estranhezas perturbadoras. O incomodo se instala para que aflorem, permitindo equilibrar e ajustar as percepções agora com saudável distanciamento, salvando-nos da inquietação.
Todas as vivências trazem implícito um póstumo aprendizado. Tecemos ao longo da vida nossa história permeada de acontecimentos breves, visto que a permanência corresponde unicamente ao estar vivo, situação que por si só também é transitória. Por maior constância e solidez que se aplique no transcorrer da vida, a cada dia imprimimos algo novo no cumulativo processo de evolução. Somos seres em constante mutação, e aí reside nosso fascínio indecifrável. Estamos em permanente construção.

♥ Denise

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