"As margens do riacho, outrora plácidas, estão mortas e surdas. Já não ouvem o brado retumbante do povo que de herói se fez refém dos mercadores de ilusões. A luz da liberdade, que brilhava em raios fúlgidos, hoje se coa penosamente entre as nuvens negras da corrupção que escurecem o céu da Pátria.
A igualdade foi penhorada em cotas desiguais, pelo braço forte de um conquistador...
E continuamos desafiando a própria morte, não mais no seio da liberdade, mas na selvageria do tráfego e do tráfico.
Deus te salve, ó Pátria amada!
O sonho se transforma em pesadelo, e já não há fé no amor... talvez só a esperança desça à terra. Pois o Cruzeiro ainda resplandece no Céu.
Tua natureza sofre, gigante! Impávidos os homens exploram-te belo e forte, sem ver que tua colossal grandeza espelhar-se-á diminuída no futuro.
Ah, minha terra adorada! És ainda minha mãe gentil, amada... és minha Pátria, Brasil!
Não mais é esplêndido o teu berço. O som do teu mar traz apitos de óleo cru e a luz do teu céu se cobriu de fumaça. És florão deflorado à luz sombria de um mundo novo.
Onde se perderam as terras garridas? Onde as flores dos campos risonhos, a vida dos bosques, os amores?
Deus te salve, ó Pátria amada!
Tua bandeira é ainda o lábaro estrelado. Morreu o amor eterno? E o verde-louro de tua flâmula, se inda diz da tua glória passada, cala-se sobre a paz de teu futuro.
E se ergueres a clava, será a da justiça? Correrão teus filhos à luta? Não temerão, mesmo te amando, a própria morte?
Ah, minha terra adorada! És ainda minha mãe gentil, amada... és minha Pátria, Brasil!"
Esta é uma versão satírica da letra do Hino Nacional, por Rodolfo Barcellos, gentilmente autorizada para esta publicação.
Obrigada, meu querido!
14 comentários:
Obrigado, Denise. É com prazer e orgulho que eu e minha amada, a amada nossa, encontramos guarida no teu Tecendo.
"A sátira nem sempre é humorística - por vezes chega a ser trágica... A paródia é imitativa por definição - a sátira não tem de o ser." (Wikipedia)
Beijos.
De fato, é triste esta realidade da nossa Pátria Amada, Rodolfo!
Compartilhar textos tão bem escritos, com o coração tremulando, como este teu, é uma honra.
Obrigada, de novo!
Bjos, que o feriado abrigue melhores sentimentos, meu querido!
Ah! Pátria amante, de um filho teu observante que não te abandona nem um só instante... Deitada não fique, se levante, se limpe desse teus eleitos indecentes... E torne-se novamente retumbante... Me orgulho deste povo poetante, amigos sérios e bravamente relutantes ditando o amor por ti... Ó brasão da America.
Deussssssssssssssskiajude
Beijo Deny e um Uta!! bem forte pra Barcellão.. rss
Esse homem deve ter uma meia dúzia de mentes só pra ele. Como pode destilar tanta coisa genial?
Eu, fã, amo!
Beijo, galêga.
Eu já tinha lido esta triste e verdadeira versão do hino...
É uma pena admitir que está correto!
E pior, que as pessoas não querem mudar isto, quando tem todos os meios nas mãos, ou na ponta do dedo, na hora de votar!
Acorda, Brasil!
Beijos, Denise!
Denise,
Excelente sátira! É bem por aí!
Barcellos razão ao dizer que nem sempre a satira é cômica e sim tragica. É o que assistimos diariamente na mídia, uma lástima!
BEIJOS
Saudade de vc, a-mico!
Muito bom ti V aqui...rs
Pois é, Rodolfo nos brinda com essa lucidez dolorida, com a sensibilidade de poeta e o coração triste de homem cidadão...
Um beijo, Tatto, bom domingo queridão!!
Pois é MI, no gargarejo, a gente tem a sorte de compartilhar deste querido e seu coração nobre e generoso!
Bjos, moça querida!
Esse despertar, Leonel, já foi um sonho meu...eu não compreendo como é possível, diante de tanto descaso e provas de tudo que ficamos cientes, as eleições deixarem de ser o momento da mudança propagada, desejada em alarido...
Um abraço, bom domingo!
Verdade Sissym, uma tristeza mesmo, mas a obstinação de nossa gente podia ser direcionada para outras causas, né amiga?
Bjocas!
Uma dura realidade esta releitura de um Hino tão bonito na exaltação perfeita de uma nação entregue aos que vivem da usura e da falta de amor.Otima constução,que a gente gostaria fosse só uma inspiração.
Parabens ao nobre escritor e grato a voce pela partilha.
Sempre meu terno abraço de paz e luz.
É verdade Toninho, antes fosse menos do que um desabafo triste, um brado forte do coração sensível de meu Porta querido...
Retribuo o carinho, beijo!
Que coisa maravilhosa que fazes aqui. Para me unir ati, eu coloco neste teu espaço uma poesia que fiz na semana da pátria do ano passado. Faço isso com o coração batendo mais forte. Um grande abraço
PÁTRIA MAL AMADA BRASIL?
Como é?
Nada temos?
Nada podemos?
Nada somos?
Se somos “pátria amada!
Idolatrada!
Brasil”
Não somos nada???
Ó, Pátria amada
Tão mal falada
Tão mal amada
Por nós, teus filhos e filhas!
Ó, Pátria amada
Tão mal cuidada
Por quem te vive
Por quem te mora
Por quem te explora...
Ó, Pátria amada
Tão mal amada!
Pátria amada, Brasil!
Não hasteamos tua bandeira
Preferimos a bandeira
De quem te submete
Não cantamos teu hino
Preferimos o hino
De quem te trai
Não contamos tua história
Preferimos a história
De quem te maldiz
E sem história contada
Sem memória cultivada
Nada passamos
Para a história que deixamos
Que vivemos...
Vivemos muito, sim
Temos muito, sim
Podemos muito, sim
Somos muito, sim
Como pátria amada
Idolatrada
Brasil
Lola (Louraini Christmann)
Oi Lola, seja bem-vinda ao Tecendo, e obrigada por chegar já assim, generosa, compartilhando seu poema tão bonito, embora triste, quase um lamento...como esta maravilha que vc gostou, de autoria de meu amigo Poeta, Rodolfo Barcellos...
Um beijo, Lola!
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