É fácil expressar o que pensamos, o que sentimos, nossas opiniões? normalmente, a resposta seria "depende". Depende principalmente do que avaliamos como importante considerar.
Ser espontâneo exclui a necessidade de aprovação, despreocupa-se com qualquer expectativa que venha de encontro à naturalidade de ser, simplesmente, o que somos.
É fácil não cairmos nesse embuste? não, difícil é resistir às pressões - pessoais, familiares, sociais. Aprendemos que fazemos parte de um sistema - e de fato fazemos - e que para sermos excluídos, basta não seguirmos as regras. Que regras? quem as faz? e por que precisamos segui-las? (precisamos? outra regra pessoal).
Os questionamentos acordam nossas verdades "imexíveis" (pérola do neulogismo de Magri), e as respostas, sempre pessoais, são a bússola das mudanças - apontam novos caminhos.
Então a espontaneidade fica ferida de morte se lhe tirarmos a essência - que é EU SOU! E para assumirmos isso, de saída precisaremos não sentir o desconforto "do que poderão pensar dessa minha verdade?" Aquilo que somos foi construído por nós e todas as influências que deixamos entrar. Isso é guardar certa espontaneidade - de vez em quando agrado a mim, outras, aos outros (assim convivo no contexto). Tá, mas e se não me submeter aos julgamentos, consigo ser livre para ser quem sou? depende. Depende de que outras considerações a gente pode abrir mão, e, ainda assim, sentir-se incluído, amado, aceito.
[Nessa parte, fixo o olhar na tela e penso: vou adiante? reprimo meu texto porque posso ser mal interpretada, ou, procurando ser espontânea, expresso minhas dúvidas, procuro compartilhar, mas cuidando com quais palavras escolho me comunicar?]
É difícil a gente SER, em um mundo social que fomos construindo e que nos cobra e critica sem saber das nossas limitações, e, por desconhecer nossas aflições e dores pessoais, colam rótulos e execram sem piedade - e sem postar-se no lugar do outro, sequer lembrar-se humano e passível dos mesmos descaminhos. A empatia pode ser a porta que permite ao outro que entre - e que seja. Ser empático favorece a espontaneidade - do outro e a própria!
Decidir ser espontâneo não é passar por cima de todos, desrespeitar as pessoas ou desconsiderar relevantes questões, como achar que falta de educação e respeito são sinônimos de espontaneidade.
E quando sou espontânea? quando digo que gosto de alguém, faço escolhas, digo que sim ou que não, emito opinião, manifesto adesão a uma causa, por exemplo. Mas, às vezes, nessas situações, eu penso: será que meu carinho será bem interpretado? pareço piegas? ultrapasso alguma convenção? estarei ferindo conceitos? o que vai provocar no outro, ele vai me entender? Resultado? a tal espontaneidade sofre um brusco stop!, e dali em diante, se enche de reservas e, a mim, de indignação. Que danação que é tentar ser espontâneo numa terra de juízes perfeitos, que nos convencem, muitas vezes, ao ponto de usarmos o mesmo argumento quando apontamos o dedo para alguém - esquecendo dos três voltados para si!
Pronto, fui espontânea - talvez na medida do permitido, para contar meus anseios, compartilhar minhas dúvidas, trocar impressões. Fico aqui pensando se alguém vai me ler...e o que vai comentar!!...rs