
Pra ver, depende de onde a gente olha - e de como olha.
Trânsito pesado, abre e fecha sinal e o carro avança alguns metros...a música distrai, mas faz parte desse ritual automático que é tocar no botão de ligar, enquanto eu desligo um pouco desse mundo louco que parece querer me engolir...
Cansada, inclino a cabeça, entregue pra melodia que enche o carro de uma saudade distante, é quando o entreabrir dos olhos sonhadores a vê, definida, redonda, gulosa no céu que foi azul num dia gostoso de inverno ensolarado: a majestosa lua, atrativa e sedutora...
O percurso não é longo, e a persigo a cada parada, espreitando seus desenhos em contraste com a música ligeira...acelero o CD e ela toma conta do espaço, explodindo feito a lua cheia lá no céu - casamento perfeito, pensei, enquanto um olho pra frente, outro nela, seguia o caminho, a canção...
Isso não sei, mas pensativa que ando, perguntei-me...por que a gente olha tanto pro céu só pra rogar, e tão pouco pra apreciar? E a que ponto essa vida chegou, que nos emudece e cega para estes pedaços de mundo perfeitos, que procuramos a esmo, a torto e a direito? Para onde caminha esta humanidade, Jesus??
Eu gosto da lua namorar, e me prometi chegar e abrir a janela da sacada, sem valorizar o frio do entardecer, para com ela esta conversa continuar.
A conversa íntima e silenciosa, que prosseguiu na soleira da janela do quarto de casal, recebeu a noite, esta que proclama um semestre novo, uma virada, um passo menos apertado, uma vida mais serena - uma felicidade merecida.
Além de bem enfeitiçar, a lua é ótima conselheira!